Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Livro de Kafka vira dança na Suíça

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Domingo, 10 de Janeiro de 2016 às 19:13, por: CdB

Quem acompanha a dança no Brasil deveria ter a chance de ver a coreografia do espetáculo de dança, O Castelo, inspirado na obra de Kafka

Por Rui Martins, Berna, Suíça:
kafka5.jpeO impressionante Winston Ricardo Arnon é o personagem K
O clima é kafkiano
Quem acompanha a dança no Brasil deveria ter a chance de ver a coreografia do espetáculo de dança, O Castelo, inspirado na obra de Kafka, e encontrar Estefania Miranda,  diretora de dança e de coreógrafia do Teatro de Berna, na Suíça, há dois anos. Sulamericana do Chile, a carreira de Estefania Miranda, iniciada em Edimburgo, na Escócia, e Tilburgo, na Holanda, tem pontos de contato com o Brasil, pois trabalhou diretamente com o conhecido  e famoso dançarino e coreógrafo  teutobrasileiro Ismael Ivo, com quem fez tournée no Brasil. Outro referência ligada ao Brasil é ter trabalhado igualmente com Gerald Thomas, em Nova Iorque.
estefania2.jpgA coreógrafa chilena Estefania Miranda
Seu currículo é enorme e internacional e sua criatividade e originalidades são marcantes. A prova é a maneira como coreografou e transformou num espetáculo de dança um dos livros mais profundos de Kafka, na denúncia dos complicados e tortuosos caminhos da burocracia e da angústia de seu personagem envolto numa trama da qual não consegue se desvencilhar. Transplantar um livro de Kafka para a dança e transmitir com a coreografia o mesmo clima do leitor para o público espectador poderia parecer missão impossível. Entretanto, apoiada nos sons e na música eletrônica de  Jeroen Strijbos et Rob van Rijswijk, Estefania Miranda transporta para o palco o pesadelo kafkiano com a presença marcante de  Winston Ricardo Arnon e mais 17 dançarinos, a maior parte do tempo encapuçados numa atmosfera sombria de penumbra e mistério, um tanto sufocante. E não faltaram os coleópteros ou baratas numa alusão ao mesmo delírio de Kafka, no seu livro mais conhecido Metamorfose. Os dançarinos rastejam em volta de K, o personagem do livro,  contratado para trabalhar no Castelo, no qual nunca consegue entrar. Mas é num espaço fechado que K se sente assediado, ameaçado, quase atropelado pelos habitantes do vilarejo circundante do Castelo. Os encapuçados assumem a representação do negativo, dos opressores, dos maus, do mal e por coincidência ou desejado por Estefania Miranda, se vestem todos de negro como os bárbaros do Daesch, razão pela qual a dança consegue veicular uma impressão de cena saída da atualidade, portadora de um peerigo e medo ambientes.
kafka4.jpe
O espetáculo terminou no penúltimo dia do ano, mas esperemos que haja uma chance para ser levado ao Brasil. Rui Martins, correspondente na Suíça.
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Edições digital e impressa
 
 

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