Dentre todos os recortes apontados pela pesquisa, o maior apoio à medida do presidente vem dos evangélicos, uma de suas principais bases de apoio.
Por Redação, com Sputnik e Agências de Notícias - do Rio de Janeiro
Nesta quarta-feira, o Datafolha publicou uma pesquisa mostrando que maioria dos brasileiros é contra a indicação do filho do presidente para a principal embaixada brasileira. Segundo o instituto de pesquisas, 70% dos brasileiros reprovam a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada brasileira nos Estados Unidos.
A indicação vem sendo anunciada pelo próprio pai de Eduardo, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL). O presidente tenta se esquivar das críticas e promover o nome do filho garantindo que ele é qualificado para a indicação.
Ainda segundo a pesquisa, 23% das pessoas entrevistadas apoiam a indicação do deputado para o cargo diplomático. A pesquisa também constatou que 1% dos entrevistados acredita que o presidente não age bem nem mal ao indicar o filho e outros 5% não sabem responder.
Dentre todos os recortes apontados pela pesquisa, o maior apoio à medida do presidente vem dos evangélicos, uma de suas principais bases de apoio.
Mesmo assim os números não são favoráveis para o presidente. Entre os evangélicos, 32% dos entrevistados apoiam a indicação e 61% são contra.
O Datafolha realizou 2.878 entrevistas em 175 municípios brasileiros. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro chegou a cogitar a possibilidade de retirar indicação do filho ao cardo de embaixador nos Estados Unidos. Na época, indagado por jornalistas se poderia desistir de indicar o filho se perceber que ele não teria apoio, Bolsonaro respondeu: “Você, por exemplo, está noivo, noiva virgem, vai que você descobre que ela está grávida, você desiste do casamento?”, afirmou.
“Eu não quero submeter meu filho a um fracasso. Acho que ele tem competência”, acrescentou.
Bolsonaro também apontou viés político de um parecer da consultoria técnica do Senado que indicou que a nomeação do filho para embaixador seria nepotismo, o que é vedado por lei.
“As consultorias, elas agem de acordo com o interesse do parlamentar. Isso é coisa de redação que vocês aprenderam: eu faço uma matéria sobre Jesus Cristo, aí você pergunta ‘contra ou a favor?’, é ou não é?”, disse aos repórteres.
“Então tem um viés político nessa questão. Agora o que vale, para mim, é uma súmula do Supremo, se não me engano, uma súmula que diz que nesse caso não é nepotismo.”
No Senado
Em resposta à consulta feita pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre(DEM-AP), parecer assinado pela Advocacia-geral da Casa é favorável à nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. No parecer, entregue na terça-feira com a assinatura de seis advogados do Senado, eles descartam que o caso possa ser caracterizado como nepotismo, alegam que o cargo de embaixador tem natureza política, similar ao de ministro. A defesa é que sua nomeação depende apenas da vontade política do Executivo e o Legislativo.
A nomeação do chefe de missão diplomática de caráter permanente e ato complexo, porque depende da emanação de vontade política do Poder Executivo e do Poder Legislativo, acentua o caráter eminente político do cargo, que transcende a dimensão de governo, por se tratar de função tipicamente estatal (federativa)”, diz o parecer.
No mês passado, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a Consultoria do Senado produziu parecer contra a indicação. À época, os técnicos da Casa entenderam que o cargo de embaixador é comissionado e, por isso, é enquadrado nas regras do Supremo. "A proibição se estende a parentes até o terceiro grau, o que, obviamente, inclui filhos da autoridade nomeante, cujo vínculo de parentesco é o mais próximo possível", diz o documento.