Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

A direita sobe a aposta no Uruguai

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Quinta, 26 de Outubro de 2006 às 09:08, por: CdB

A destituição do General Carlos Díaz do comando do Exército do Uruguai faz parte, aparentemente, de uma sucessão de fatos mais ampla, cujo desenlace é, em grande medida, ainda indefinido. Contudo, o que já foi mostrado até agora é extremamente interessante. A democracia uruguaia enfrenta um problema com os militares, especialmente com o Exército. Reconhecer isto significa dar por perdida a tese anterior, sustentada desde várias tribunas, de que não havia qualquer dificuldade nesse setor. Esse é o primeiro fato novo que deve ser registrado.

Como todos devem lembrar, nos últimos anos não foram poucas as vozes que apresentavam um panorama diferente: tudo estava em calma e transcorria pelos caminhos normais, os problemas eram técnicos ou logísticos. Como conclusão, defendia-se a inutilidade, ou mesmo a inconveniência, de levar adiante as definições programáticas da Frente Ampla que, no que se refere ao tema militar, indicavam a necessidade de depurar as forças armadas.

A negativa dos comandos militares de avançar na busca da verdade mostra a existência no seio das forças armadas de um fator, ainda muito forte, de identificação e respaldo às ações realizadas durante a ditadura. O que levou Carlos Díaz para a rodada de reuniões ilegais com os dirigentes da oposição foi a procura de uma saída para suas dificuldades de oferecer informação sobre o segundo vôo? Tudo parece indicar que esse foi pelo menos um dos temas abordados.

O outro elemento novo e instrutivo é a resposta do Presidente da República diante das manobras de Sanguinetti. Contrariamente ao que vem sendo afirmado, a drástica decisão do presidente indicou clareza e firmeza em um setor-chave do debate democrático. Sendo esse um cargo político, diante de uma falta grave cabe apenas a destituição, especialmente quando se trata de um setor, o do comando das forças armadas, no qual não podem ser permitidas as imprecisões nem os excessos. Muito menos nas atuais circunstâncias, quando os militares ainda não se resignaram a aceitar que não estão habilitados institucionalmente para a ação política. E que também não podem participar de atos contra o governo, como costumava fazer o deposto comandante, marcando presença nas cerimônias rituais dos saudosos da ditadura.

Sem história
Uma das dificuldades 'internas' das forças armadas é que, na sua aliança com os setores mais autoritários e conservadores do espectro político, contribuíram para uma 'saída política' que não exigiu deles -mas também não permitiu a eles- refletir sobre sua própria gestão. Entre 1973 e 1985 tiveram uma intervenção totalizadora e violenta sobre a política e não extraíram disso nenhum ensinamento. Não incorporaram nem um mínimo das reflexões. Ficaram expostos sem tirar nenhum proveito quanto ao conhecimento de si próprios.

Em vez de fazer intrigas com os políticos do Partido Colorado, deveriam pedir uma mão para reconstruir sua própria memória, a memória das suas atrocidades, não apenas em matéria de direitos humanos. Suas atrocidades dos tempos em que, "fazendo política" ao seu estilo, tiveram nas mãos todo o poder. Suas barbaridades com o sistema de habitação, seus crimes contra o salário, contra a saúde pública, contra a educação. Contra os Bancos Oficiais e as empresas públicas. Contra o Poder Judiciário. Sua responsabilidade no crescimento vertiginoso da dívida externa. Seus atos de corrupção, como a Operação Conserva, a compra de ativos, a represa de Palmar, entre outros.

Se tivessem exigido deles (e permitido) aprender do passado, saberiam que os militares, quando fazem política, cometem erros muito pesados. Muitas vezes irreparáveis. Por isso, após 11 anos de hegemonia militar, levaram o país à ruína. Contando com todas as ferramentas do poder nas mãos, foram despejados do governo porque a imensa maioria dos uruguaios tinha chegado à conclusão de que o despotismo militar era prejudicial para o país.

Privados da narração dos seus próprios erros, os comand

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