Rio de Janeiro, 12 de Dezembro de 2024

O apagão da energia e da educação em SP: uma metáfora alarmante

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Quarta, 16 de Outubro de 2024 às 09:12, por: CdB

“Este é o momento de decidir: queremos uma cidade onde a educação pública seja tratada como prioridade ou uma cidade à beira de um apagão educacional?”

Por Rosana Alves – de São Paulo

Na última sexta-feira, a cidade de São Paulo foi atingida por um apagão de energia que afeta milhões de cidadãos, deixando ruas, casas e comércios às escuras. Neste momento, enquanto escrevo, já é domingo, 20h, e o apagão persiste. Os transtornos são evidentes e imediatos: alimentos que perecem, ruas perigosas sem iluminação, serviços interrompidos. No entanto, essa falha energética pode ser vista como metáfora para algo ainda mais alarmante: o apagão iminente da educação pública na cidade, caso o projeto privatista de Ricardo Nunes avance. Esse projeto já devasta a educação infantil e se expande para toda a rede municipal e os CEUs, promovendo uma deterioração silenciosa, mas devastadora, da qualidade do ensino.

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Apagão em São Paulo

O projeto privatista em curso

Na educação infantil, mais de 90% das unidades são geridas por Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), enquanto CEUs e uma EMEF já estão nas mãos de gestores privados. Esse modelo não é acidental, faz parte de um projeto de privatização mais amplo que avança sobre toda a rede pública de educação. Aos poucos, a administração direta das escolas é substituída por acordos com entidades privadas que gerenciam o dinheiro público, criando um perigoso conflito de interesses entre o lucro e a qualidade da educação.

O impacto na qualidade da educação

A privatização da educação afeta profundamente a qualidade do ensino. Quando o foco se desloca do direito à educação para a eficiência financeira e a contenção de gastos, a qualidade das práticas pedagógicas é comprometida. Para reduzir custos, gestores privados tendem a contratar professores e profissionais da educação em regimes precarizados, com menos direitos trabalhistas e salários inferiores ao dos servidores públicos. Isso cria um ciclo de desvalorização do trabalho docente, que, por sua vez, afeta diretamente o processo de ensino e aprendizagem. Professores sobrecarregados e mal remunerados não conseguem oferecer o apoio necessário para o desenvolvimento pleno das crianças.

Além disso, as condições materiais nas escolas privatizadas frequentemente são inferiores às daquelas sob gestão pública direta. Há relatos de falta de materiais pedagógicos adequados, infraestrutura precária e redução de atividades extracurriculares. A educação, que deveria ser um espaço de inclusão, cultura e desenvolvimento integral, passa a ser vista como mais um serviço a ser entregue da forma mais barata possível, sem compromissos com o longo prazo ou com a formação de cidadãos críticos.

Outro efeito nefasto é a perda de controle democrático sobre a gestão escolar. Nas escolas privatizadas, a participação da comunidade escolar, composta por pais, alunos e professores, é reduzida ou inexistente. Decisões pedagógicas e administrativas importantes passam a ser tomadas de acordo com interesses privados, e não com as necessidades da comunidade. Isso leva a uma educação que deixa de refletir os valores da sociedade para seguir as lógicas de mercado, comprometendo o futuro de toda uma geração.

A extensão do problema

O que começou com a educação infantil já está se espalhando. A privatização não é uma ameaça apenas para as creches ou pré-escolas, mas também para o ensino fundamental e os CEUs, que estão sendo entregues para entidades privadas que visam o lucro. Isso coloca em risco toda a rede de ensino pública de São Paulo. E se o apagão da educação infantil já provoca retrocessos no desenvolvimento das crianças mais novas, os impactos serão ainda maiores conforme esse modelo avançar sobre outras etapas da educação.

O próximo apagão: a educação

Se o apagão de energia que enfrentamos é temporário, o apagão da educação pública sob a gestão de Ricardo Nunes terá consequências duradouras. Não estamos falando apenas de alimentos que perecem na geladeira ou da falta de iluminação nas ruas. Estamos falando de um futuro comprometido para milhares de crianças e jovens, que dependem de uma educação pública de qualidade para se desenvolverem plenamente. Os danos não serão imediatos, mas sim geracionais, afetando o desenvolvimento social, cultural e econômico de São Paulo por décadas.

A solução: derrotar Ricardo Nunes nas urnas

Para evitar que o próximo apagão seja na educação, é urgente impedir a reeleição de Ricardo Nunes, o responsável por esse projeto devastador de privatização. Precisamos de uma gestão comprometida com a educação pública, democrática e de qualidade, que veja o investimento em educação não como um gasto, mas como um direito fundamental da população. A eleição de Guilherme Boulos é a única resposta capaz de reverter esse cenário. Boulos tem o compromisso de reverter as privatizações, fortalecer a rede pública de ensino e garantir que a educação seja um direito inalienável, protegido de interesses privados e do mercado.

Este é o momento de decidir: queremos uma cidade onde a educação pública seja tratada como prioridade ou uma cidade à beira de um apagão educacional? A resposta está nas urnas. E a solução é clara: Guilherme Boulos para prefeito de São Paulo.

 

Rosana Alves, é professora, historiadora e pedagoga. Atualmente coordenadora pedagógica na rede Municipal de Ensino de São Paulo. Mestra em Filosofia e História da Educação pela Unicamp. Membro da direção Municipal do PCdoB São Paulo.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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