Por conta da situação, os russos, que controlam militarmente a planta ucraniana, desligaram o único reator ainda em funcionamento, em notícia também confirmada pela agência de Kiev, Energoatom.
Por Redação, com ANSA - de Kiev
No dia em que a missão de especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) iniciará a inspeção da central nuclear de Zaporizhia, uma série de novos ataques contra a área da usina foi registrada nesta quinta-feira.
Por conta da situação, os russos, que controlam militarmente a planta ucraniana, desligaram o único reator ainda em funcionamento, em notícia também confirmada pela agência de Kiev, Energoatom. Conforme declaração à agência Unian, o reator número cinco foi desativado às 4h57 (hora local).
Já a saída da delegação da AIEA do chamado "ponto de checagem" militar em Energodar foi atrasada em cerca de três horas. No entanto, a agência de notícias russas Interfax afirma que os 13 especialistas já estão a caminho da usina sob escolta russa.
Como acontece em todos os ataques registrados na região de Zaporizhia nas últimas semanas, russos e ucranianos trocaram acusações sobre quem está fazendo os disparos, de forma que é impossível verificar a veracidade das informações de ambos os lados de maneira independente.
Conforme informações das agências russas Tass e Interfax, grupos de "sabotadores" ucranianos estavam tentando retomar a central nuclear e fazendo ataques pelo caminho que os membros da AIEA iriam passar.
Grupos de sabotadores do exército ucraniano
"Por volta das 6h, dois grupos de sabotadores do exército ucraniano, de no máximo 60 pessoas, a bordo de sete barcos, desembarcaram no braço da bacia hídrica de Kakhovka, a três quilômetros nordeste da central nuclear de Zaporizhia e tentaram tomar controle da central. Foram tomadas medidas, também com o uso de aviação do exército, para eliminar o adversário", informou o Ministério da Defesa da Rússia.
Em outra publicação, a pasta acusou Kiev de lançar "tiros de artilharia contra o ponto de checagem onde está a missão da AIEA" e de ter "disparado quatro foguetes que explodiram a 400 metros do primeiro reator".
"A provocação do regime de Kiev tem o objetivo de perturbar a chegada do grupo de trabalho da AIEA à central nuclear de Zaporizhia", acusou ainda o ministério.
Por sua vez, o prefeito de Energodar, Dmytro Orlov, afirmou ao portal Ukrinform que "desde às 5h, os bombardeios com morteiros russos não param contra a cidade". "Ouvimos tiros de metralhadora e foram atingidos vários alvos civis. Há vítimas, que estamos ainda determinando", acrescentou.
O chefe ucraniano da administração militar do distrito de Nikopol, Yevhen Yevtushenko, disse ao mesmo site que as forças russas estavam usando helicópteros, canhões e sistemas de mísseis de lançamento múltiplo contra toda Energodar.
Bombardeios na região
Por conta da situação, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, cobrou que a Rússia cesse "imediatamente" todos os bombardeios na região.
– Em violação de seus compromissos, o exército russo está bombardeando fortemente o corredor pelo qual deve passar a missão da AIEA para ir à central de Zaporizhia. A Rússia deve cessar imediatamente essas perigosas provocações e permitir uma passagem segura – afirmou Nikolenko.
A situação da usina nuclear, a maior da Europa, vem suscitando preocupações internacionais tanto por motivos técnicos como pela guerra em si.
O primeiro é por conta da falta de inspeções externas da estrutura, que foram paralisadas desde o início da guerra, em fevereiro, e pela perda constante do acesso da AIEA aos sistemas remotos de monitoramento de segurança da central.
O segundo é causado, justamente, por conta desses ataques próximos à usina, o que pode provocar um desastre nuclear de enormes proporções. No entanto, nem Rússia, nem Ucrânia aparentam que vão cessar as ações militares.