Tais ameaças impõem nova pressão sobre países europeus, que insistem que o Irã deve continuar a cumprir com o acordo.
Por Redação, com Reuters - de Bruxelas
A União Europeia pediu nesta terça-feira que o Irã reverta a ampliação de capacidade de enriquecimento de urânio, que rompe um pacto de controle de armas nucleares acordado em 2015.
“Continuamos a pedir que o Irã não tome medidas adicionais que prejudiquem o acordo nuclear a fim de interromper e reverter todas as atividades que são inconsistentes com o JCPOA, incluindo a produção de urânio de baixo enriquecimento”, disse uma porta-voz da UE a repórteres, referindo-se ao acordo formal conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
O Irã informou que vai ampliar seu enriquecimento de urânio em algumas horas além do limite estabelecido pelo acordo, uma medida que pode significar o retorno de todas as sanções econômicas ao Teerã.
Novas ameaças
O Irã ameaçou retomar centrífugas desativadas e intensificar seu enriquecimento de urânio para 20% de pureza, contrariando um acordo nuclear de 2015 que Washington abandonou no ano passado.
As ameaças, feitas na segunda-feira pelo porta-voz da agência nuclear iraniana, iriam bem adiante dos pequenos passos que o Irã já tomou na última semana para levar os estoques de material físsil pouco além dos limites estabelecidos no pacto.
Isso pode levantar sérias questões sobre se o acordo, que visa impedir o Irã de construir uma arma nuclear, segue viável.
As duas ameaças reverteriam grandes conquistas do acordo, embora o Irã tenha omitido detalhes importantes sobre quão longe poderá ir para retornar ao status quo de antes do pacto, quando especialistas ocidentais acreditavam que o país poderia construir uma bomba em meses.
Reino Unido
Paralelamente, o ministro das Relações Exteriores do Irã acusou o Reino Unido de “pirataria” por tomar um navio-tanque petroleiro iraniano na semana passada. O Reino Unido diz que o navio ia para a Síria, violando sanções da União Europeia.
Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica Iraniana, confirmou que o país havia enriquecido urânio para além do limite previsto no acordo, de 3,67% de pureza, superando 4,5%, de acordo com a agência de notícias ISNA.
A agência de fiscalização nuclear da Organização das Nações Unidas, a IAEA (na sigla em inglês), confirmou ter verificado que o enriquecimento pelo Irã estava acima de 3,67%.
O Irã disse que adotará um terceiro passo, contrariando o acordo dentro de 60 dias. Kamalvandi disse que as opções incluem o enriquecimento de urâncio para pureza de 20% ou acima, e retomar as centrífugas IR-2 M, desmanteladas sob o acordo.
Ameaças
Tais ameaças impõem nova pressão sobre países europeus, que insistem que o Irã deve continuar a cumprir com o acordo ainda que os Estados Unidos não estejam mais fazendo isto.
O presidente francês, Emmanuel Macron, enviará seu principal assessor diplomático ao Irã entre terça e quarta-feira para tentar ajudar a diminuir as tensões, disse uma autoridade da presidência.
Também nesta segunda-feira, o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, disse que os EUA estão dispostos a dialogar com o Irã sobre seu programa nuclear e não buscam guerra, mas que o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, está preparado para proteger interesses e vidas dos EUA.