Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Um debate que mais parecia western italiano

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Sexta, 30 de Setembro de 2022 às 11:38, por: CdB

Embora o Bozo não passe de um cadáver político à espera do rabecão, será lamentável se a decisão do pleito presidencial não ocorrer neste domingo (2), pois ele continuará por mais quatro semanas plantando o caos e colhendo a violência cega.

Vai perder e ser expelido da política brasileira da mesmíssima forma, contudo outros fanáticos desmiolados sairão matando vizinhos com as armas que agora podem adquirir sem nenhuma comprovação de discernimento e equilíbrio emocional para sua utilização.

Por Celso Lungaretti
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No debate, faltou discutir sobre o fim do capitalismo
Neste sentido, o debate final desta turbulenta e medíocre campanha eleitoral pode ter contribuído para manter em cartaz um espetáculo que enoja e deprime os brasileiros dotados de um mínimo de espírito crítico.
Isto porque o Bozo, secundado por um pistoleiro de aluguel surgido do nada, executou fielmente o script dos seus marqueteiros: repetiu as habituais acusações levianas e insultos estridentes ao Lula, para que o debate virasse um  mero bate-boca e ambos perdessem votos.
Colocado numa sinuca de bico, Lula teve de responder à altura, pois seria péssimo para sua imagem se parecesse ter sido calado por tal nulidade.
Num debate que mais parecia western italiano...
 
Evidentemente, o palhaço sinistro, com seu carioquês cínico, sua crassa ignorância dos fundamentos da vida civilizada e seu prontuário genocida acabará sofrendo prejuízo maior do que o Lula e a diferença entre eles deve até aumentar.
...este era o Bom (de lábia)...
Mas, a tendência é que o desgaste mútuo acabe beneficiando os outros candidatos que, por comparação, ficaram parecendo mais equilibrados e sensatos, principalmente a Simone Tebet.
Assim, os que já não disputavam a vitória, apenas buscando acumular capital político para futuras eleições ou para valorizar o seu apoio a um que disputar o 2º turno (se houver), poderão crescer o suficiente para que Lula não atinja 50% mais 1 dos votos válidos. É uma das esperanças do motoqueiro fantasma.
A outra, detetada nas pesquisas: que as abstenções no campo lulista sejam elevadas.
Mas, permanece a esperança de que, após três anos e nove meses tão catastróficos e de uma campanha eleitoral tão enfadonha (e, ao mesmo tempo, ameaçadora), os brasileiros tomem a sábia decisão de livrar-se o quanto antes do presidente demente.
Na disputa pelo terceiro lugar, Tebet deve ter-se colocado alguns pontos na frente de Ciro Gomes, que sofre as consequências de sua péssima opção inicial: resolveu tentar ocupar um espaço entre a extrema-direita e a esquerda domesticada, quando seu temperamento, seu estilo e sua história o aconselhavam a lançar-se como representante da esquerda combativa (ou seja, seu lugar era à esquerda do Lula, e não num espaço intermediário entre o reformista e o fascista).
                                     ...este, o Mau como um picapau...
Seu intempestivo ataque de abertura ao Lula foi bem rechaçado e Ciro perdeu o rebolado, tornando-se um coadjuvante inexpressivo durante o restante do debate. Afora ter se omitido repulsivamente quando o provocador fantasiado de sacerdote dizia cobras e lagartos sobre os universitários de esquerda.
Ciro não falou uma palavra em defesa deles e os que disso se lembrarem nunca ouvirão nenhuma outra palavra saída de sua boca. Como também não tem futuro junto à direita, condenou-se ao limbo político.
Que há para se dizer sobre os dois outros candidatos, que não passarão de 1% dos votos no domingo (nas intenções, Soraya Thronicke está com 1% e Felipe D'Avila com traço)? Apenas que os telespectadores devem ter gostado de suas intervenções, por serem as necessárias pausas para ir no banheiro ou esquentar um cafezinho.
E, quanto à relevante dúvida sobre se o padre Fakelmon deve ou não ir para o inferno, creio que nem o diabo aguentaria tanta chatice.
Finalmente: o grande ganhador do debate e desde já vencedor da eleição é o capitalismo, pois conseguiu fazer as coisas de tal forma que, mesmo estando cada vez mais disfuncional, já nos estertores, ainda assim conseguiu manter totalmente afastados quaisquer questionamentos de sua perpetuação parasitária e destrutiva.
                      ...e este, o Feio por fora e por dentro.
Não consegue mais oferecer qualidade de vida minimamente aceitável para a maioria dos seres humanos do planeta, torna-se cada vez mais autoritário e ameaça extinguir a nossa espécie com a destruição ambiental desembestada que não consegue deter nem reverter.
E, como isto ficou completamente de fora do debate, este acabou parecendo mais o baile da Ilha Fiscal.
Com a agravante de não sabermos o que virá depois da queda do império, pois nenhuma das sete candidaturas presentes mostrou ter resposta para a dúvida crucial: como fazermos para a morte do capitalismo não representar também o fim da humanidade? (por Celso Lungaretti)
Celso Lungaretti, é jornalista, ex-crítico de cinema, editor do blog Náufrago da Utopia, foi militante ativo contra a Ditadura militar, preso e torturado no Doi-Codi.
Direto da Redaçao é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
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