Morto aos 98 anos, o ex-soldado do Exército Vermelho David Dushman tinha apenas 21 quando derrubou cerca do maior campo de extermínio nazista. Depois da Segunda Guerra, foi treinador de seleção soviética de esgrima.
Por Redação, com DW - de Berlim
David Dushman, o último soldado ainda vivo que participou da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, morreu no último sábado, na cidade alemã de Munique, aos 98 anos. Nascido em Gdansk e de origens judaicas, Dushman atuou como soldado do soviético Exército Vermelho. Em janeiro de 1945, aos 21 anos, derrubou com um tanque de guerra a cerca elétrica que cercava Auschwitz para libertar os prisioneiros do campo de extermínio. Em entrevista ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, Dushman relatou em 2015 ter visto esqueletos por toda parte ao chegar a Auschwitz. Ele contou que ele e seus colegas não sabiam quase nada sobre o campo e apenas após a guerra tomaram conhecimento da dimensão das atrocidades cometidas no local. – Demos comida aos prisioneiros e seguimos adiante. Eles estavam lá, todos de uniformes, apenas olhos muito estreitos, foi terrível, muito terrível – disse à agência inglesa de notícias Reuters no ano passado. Auschwitz-Birkenau foi o maior campo de extermínio estabelecido pelo regime nazista. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas no local, a maioria delas em câmaras de gás. Dushman era um dos 69 soldados de sua unidade que sobreviveram à guerra. Ele recebeu várias medalhas, condecorações e homenagens. O antigo soldado e sua família também foram alvo de exclusão, marginalização e difamação na antiga União Soviética por causa de suas origens judaicas. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele acabou treinando a equipe nacional feminina de esgrima soviética entre 1952 e 1988.