Washington anunciou restrições contra cinco figuras europeias que defendem uma regulamentação mais rigorosa do setor tecnológico.
Por Redação, com ANSA – de Bruxelas
A União Europeia condenou nesta quarta-feira as sanções impostas pelos Estados Unidos a cinco europeus que defendem uma regulamentação mais rigorosa do setor tecnológico, a qual foi vista pelo governo de Donald Trump como uma “censura” às suas empresas. Os alvos ficaram proibidos de entrar em território americano.

– A UE condena as restrições de viagem impostas pelos EUA aos cidadãos e funcionários europeus. Essas medidas são inaceitáveis entre aliados, parceiros e amigos – declarou o presidente do Conselho Europeu, António Costa, ressaltando que o bloco “defende com força a liberdade de expressão, regras digitais justas e a sua soberania regulamentar”.
O Executivo da UE também se manifestou em nota, opondo-se à medida americana.
“A liberdade de expressão é um direito fundamental na Europa e um valor fundamental partilhado com os EUA em todo o mundo democrático”, diz o comunicado.
A Comissão Europeia informou que solicitou “esclarecimentos às autoridades americanas” sobre o caso e, “se necessário”, irá “reagir de modo rápido e decisivo” para defender nossa autonomia normativa de medidas injustificáveis”.
“A UE é um mercado único aberto e baseado em regras, com o direito soberano de regular a atividade econômica em consonância com os nossos valores democráticos e compromissos internacionais. As nossas regras digitais garantem condições de concorrência seguras, justas e imparciais para todas as empresas, aplicadas de forma igualitária e sem discriminação”, rebateu a Comissão Europeia.
Na terça-feira, Washington anunciou restrições contra cinco figuras europeias que defendem uma regulamentação mais rigorosa do setor tecnológico, incluindo o ex-comissário europeu Thierry Breton.
Segundo o Departamento de Estado americano, as ações da UE equivalem à “censura” e são prejudiciais aos interesses americanos.
“Esses ativistas radicais e as ONGs para as quais atuam como lobistas promoveram medidas repressivas de censura contra empresas americanas”, afirmou o órgão no comunicado que anunciou as sanções.
Breton foi descrito pelo Departamento de Estado como o “cérebro” da Lei de Serviços Digitais, uma importante regulamentação europeia que impõe moderação de conteúdo e padrões de proteção de dados nas principais plataformas de mídias sociais.
Sanções norte-americanas
Outros alvos das sanções norte-americanas foram Anna-Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, da ONG alemã que atua com direitos humanos no ambiente virtual, HateAid; Clare Melford, diretora do Global Disinformation Index, plataforma com sede no Reino Unido que trabalha contra a desinformação; e Imran Ahmed, do Centro para o Combate ao Ódio Digital, com sede em Londres.
– A caça às bruxas de McCarthy voltou? – escreveu Breton nas redes sociais, referindo-se ao senador Joseph McCarthy, que liderou uma grande perseguição a funcionários públicos, artistas e intelectuais nos EUA na década de 1950.