Rio de Janeiro, 15 de Abril de 2025

Trump contra o mundo!

Análise profunda sobre como Trump uniu o mundo contra os EUA e seu impacto na economia global. A era de esplendor americano está chegando ao fim.

Quarta, 09 de Abril de 2025 às 07:36, por: Rui Martins

Errou quem supunha que Trump não passasse de um agente de Putin infiltrado na Casa Branca. Parecia, mas não era. Na verdade, ele está mais para um agente da destruição generalizada, um novo Jim Jones que a  todos sacrificará, mas detonando principalmente os próprios Estados Unidos. 

Por Celso Lungaretti, editor do blog Náufrago da Utopia
Trump contra o mundo! | Socorro! Donald Trump é um novo Jim Jones!
Socorro! Donald Trump é um novo Jim Jones!

Tem tudo a ver a afirmação de Thomas Friedman, num sentido até mais amplo do que ele pretendeu (referiu-se às inovações tecnológicas chinesas estarem ganhando das estadunidenses de goleada); “Acabo de enxergar o futuro, e adivinhem? Ele não envolve os Estados Unidos”). 

E está certíssimo o FMI, insuspeito de contaminação esquerdista, ao advertir que o tarifaço dos EUA coloca em grande risco a economia mundial. Só faltou acrescentar que quem cria monstros, acaba sendo sua primeira vítima…

Prestes a ser atingido por um vulcão, o país até agora mais poderoso do mundo está vivendo seus últimos dias de esplendor.  Ao unir praticamente o mundo inteiro contra si, Trump comprou uma briga maior do que será capaz de sustentar. 

A guerra comercial decorrente o devastará mais ainda do que a quebra da bolsa de Nova  York em 1929. Daquela vez, a consequência foi uma década inteira de penúria. Desta, há grande chance de os EUA  nunca mais voltarem a ser uma nação de primeira grandeza.

O que estamos vendo agora é apenas um novo desfecho para a guerra civil estadunidense, que parecia ter findado com a rendição dos confederados em 1865. Fato é que tal derrota jamais foi assimilada, continuou sendo uma ferida aberta e latejando até hoje. Finalmente, gangrenou de vez.
O Norte impôs pelas armas a passagem para uma etapa superior de desenvolvimento capitalista, detonando as bases da exploração rural baseada na escravidão. E, realmente, os Estados Unidos prosperaram muito mais com a industrialização do que avançariam com sua produção de algodão e tabaco no esquema das plantations.
 
Mas, os estados do Sul tinham teoricamente o direito de não aceitarem a abolição da escravidão na marra, apenas porque isto convinha aos que queriam priorizar outras atividades econômicas. 

E, ao contrário do que aconteceu, p. ex.,  no Brasil, a produção escravagista ainda não chegara a seu fim natural (tornar-se contraproducente). Mantinha-se pujante e os brancos sulistas majoritariamente queriam que tudo continuasse como estava.

Mas, derrotados na Guerra da Secessão  e tendo se registrado, em seguida, ganho econômico com o novo modelo, não tiveram como contestar o que lhes foi imposto. E, péssimos seres humanos que eram, se vingaram na parte mais fraca, os negros, exacerbando o racismo.  Fazer com que os direitos civis dos afrodescendentes fossem respeitados quase exigiu uma nova guerra, em plena década de 1950!

Com o capitalismo ora entrando na sua fase agônica, no entanto, a grande vantagem obtida com a vitória do Norte avançado sobre o Sul retrógrado deixou de existir. E isto impulsionou a afirmação da extrema-direita, herdeira óbvia da Ku Klux Klan e outras hordas reacionárias sulistas de outrora. 

O que essa gente inculta e feia quer? Simplesmente um retorno ao autoritarismo brutal do tempo das plantations, com um retrocesso da globalização que os obtusos veem, de forma simplista, como causa da decadência de várias atividades econômicas que empregavam contingentes maiores de trabalhadores.
 

Megalomaníaco e autodestrutivo como Hitler, o que Trump está tentando é simplesmente fazer a História voltar para trás. Trata-se de uma proeza impossível. 

Pôde ganhar duas eleições porque os EUA já eram um país que estava decaindo sob a modernidade econômica e só conseguia evitar uma imediata debacle mediante a imposição de artificialidades que faziam outras nações arcarem com os ônus de sua perda de competitividade. O que Trump faz é simplesmente derrubar tal castelo de cartas, agilizando um acerto de contas que será pra lá de nefasto para os EUA.

Com isto, mais a enorme rejeição acarretada por medidas de força pretendidas ou praticadas, como a apropriação de territórios alheios e a violação extremada dos direitos humanos de trabalhadores estrangeiros, tudo se encaminha para uma união sem precedentes das outras nações importantes contra os EUA. Elas não têm como perderem!
Quem viver, verá. (por Celso Lungaretti)  
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