Os 12 jurados de um tribunal de Los Angeles chegaram à conclusão após nove dias de deliberações. Famoso ex-produtor de cinema já havia sido condenado a 23 anos de prisão por abusos sexuais por um tribunal de Nova York.
Por Redação, com DW - de Nova York
Um tribunal de Los Angeles considerou na segunda-feira o ex-produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein culpado de estupro e de duas agressões sexuais, quase metade das acusações pelas quais havia sido processado por quatro mulheres.
Os 12 jurados, oito homens e quatro mulheres, chegaram à conclusão após nove dias de deliberações no segundo julgamento criminal contra o ex-magnata do cinema no contexto das revelações do movimento#MeToo.
A sentença ainda não foi proferida, mas ele pode pegar até 24 anos de prisão. Weinstein, de 70 anos, que produziu sucessos premiados como Pulp Fiction (1994) e o filme mudo O Artista (2011), já tinha sido condenado em Nova York, em 2020, a 23 anos de prisão por casos semelhantes.
Durante o novo julgamento, quatro mulheres que testemunharam sob anonimato acusaram o ex-produtor de tê-las forçado a fazer sexo em hotéis em Beverly Hills e Los Angeles entre 2004 e 2013. Uma quinta testemunha se recusou a depor.
Após um período de audiências, a procuradoria descreveu Weinstein como um "ogre todo-poderoso", que domina Hollywood, os filmes que produziu receberam mais de 330 nomeações ao Oscar e 81 estatuetas. A fama dele intimidaria as vítimas a falar, por medo de repercussões negativas em suas carreiras.
O júri considerou Weinstein culpado de todas as acusações apresentadas pela primeira das quatro mulheres. Os jurados, no entanto, consideraram-no inocente das acusações de uma segunda mulher e não emitiram um veredicto sobre as acusações de outras duas.
É o caso da documentarista Jennifer Siebel Newsom, esposa do governador da Califórnia, Gavin Newsom. Siebel, no entanto, ficou satisfeita com o veredicto. "Harvey Weinstein nunca será capaz de estuprar outra mulher. Ele passará o resto de sua vida atrás das grades", disse.
Segundo ela, durante o julgamento, os advogados de Weinstein usaram sexismo, misoginia e bullying "para intimidar, humilhar e ridicularizar” as vítimas. "O julgamento foi um poderoso lembrete de que ainda temos trabalho a fazer como sociedade", destacou.
Depoimentos
Siebel descreveu em lágrimas como Weinstein a estuprou em um quarto de hotel em 2005. Outra mulher, uma modelo italiana, testemunhou que Weinstein apareceu sem ser convidado em seu quarto de hotel durante um festival de cinema em 2013 e a estuprou.
Lauren Young, a única acusadora que testemunhou contra Weinstein em ambos os julgamentos, disse que era uma modelo em busca de uma carreira como atriz e roteirista quando o magnata do cinema a apalpou e se masturbou na frente dela no banheiro de um hotel em 2013. Uma massoterapeuta relatou que ele fez a mesma coisa com ela depois de uma massagem em 2010.
Mais de 100 mulheres, incluindo atrizes famosas como Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Salma Hayek e Uma Thurman, acusaram o ex-produtor de ataques sexuais ao longo de décadas, o que levou ao surgimento do movimento #MeToo, que incentivou mulheres a tornarem públicos casos de abuso sexual, abalando a reputação de dezenas de homens poderosos.