Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Tragédia da covid-19 vai muito além dos 500 mil mortos, alerta médica

Entre março e abril deste ano, o Brasil chegou a registrar 20 mil mortes e mais de 500 mil novos pacientes em alguns períodos. De lá para cá, houve diminuição de casos fatais, mas nunca abaixo de 10 mil óbitos por semana.

Domingo, 20 de Junho de 2021 às 13:51, por: CdB

Entre março e abril deste ano, o Brasil chegou a registrar 20 mil mortes e mais de 500 mil novos pacientes em alguns períodos. De lá para cá, houve diminuição de casos fatais, mas nunca abaixo de 10 mil óbitos por semana. Os novos pacientes a cada sete dias se mantiveram acima dos 400 mil.

Por Redação, com RBA - de São Paulo

O Brasil chega a marca de 500 mil mortos pela covid-19 em uma semana de crescimento na média móvel de óbitos e de novos casos e com expectativas negativas para os próximo dias. Sem nunca ter realmente saído da segunda onda da covid-19, o país vem observando nos últimos dias um ritmo maior de crescimento de casos fatais e infectados. O risco agora é de uma nova escalada nos números que já estão em um platô gravíssimo há meses.

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Variante indiana da covid-19 pode provocar gangrena e perda de audição, revelam médicos

Entre março e abril deste ano, o Brasil chegou a registrar 20 mil mortes e mais de 500 mil novos pacientes em alguns períodos. De lá para cá, houve diminuição de casos fatais, mas nunca abaixo de 10 mil óbitos por semana. Os novos pacientes a cada sete dias se mantiveram acima dos 400 mil.

Recorde

A média móvel de casos (soma de todos os casos dos últimos sete dias, dividida por sete), estava em 66,5 mil no último domingo. Na sexta-feira, o cálculo ultrapassou 72 mil, o que não era observado desde abril e está muito próximo ao recorde de 77 mil.

Também houve mudança rápida nos óbitos. De 1,6 por dia no começo do mês, a media de mortes ultrapassou 2 mil nesta semana. Há relatos de lotação de UTIs acima de 90% em mais de dez capitais, o que causa impacto direto nos casos fatais.

Segundo o divulgador científico Átila Lamarino, o Brasil lidera o ranking mundial de mortes em 2021. Na segunda-feira, ele divulgou um gráfico atualizado que aponta 293 mil mortes no período. Nenhuma outra nação registrou números tão negativos.

Potencial

Na terça-feira, dados do Imperial College de Londres, mostravam que a taxa de transmissibilidade da doença voltou a alcançar patamares que indicam descontrole na propagação. O chamado "Rt" do Brasil ficou em 1,07. Isso significa que cada 100 infectados têm potencial de contaminar outras 107 pessoas.

A médica de família e comunidade Nathalia Neiva dos Santos, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que o processo de imunização vem sendo encarado como única solução para o Brasil e que outras medidas vem sendo enfraquecidas.

— Quando se inaugura o período do lançamento das vacinas, é como se fosse atribuída a responsabilidade do controle da pandemia às vacinas. Os países que estão vacinando já estão demonstrando que somente a vacina não é suficiente — alertou a médica, em transmissão pela internet.

Imunidade

Nathalia explica que a principal resposta da vacina é a diminuição dos casos graves e das mortes.

— É preciso combinar as medidas não farmacológicas em um momento em que ainda há uma transmissão alta no país — acrescentou.

A fórmula já é conhecida: incentivo ao isolamento social, medidas que possibilitem a quarentena, como o auxílio emergencial em valores razoáveis para o sustento das famílias e campanhas educativas para uso de máscara, distanciamento e higienização constante das mãos.

Sem essas medidas, a vacinação não tem potencial para frear a covid no curto prazo. Para considerar que o país alcançou a imunidade coletiva, é preciso, no mínimo, ter 75% da população imunizada. Atualmente, esse índice está um pouco acima de 11%.

Pandemia

O alerta veio também da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em coletiva de imprensa na sexta-feira, membros da entidade apontaram que, no momento, a campanha de imunização exige medidas paralelas.

Segundo Mariângela Simão, vice-diretora da organização, é importante relembrar que a pandemia não terminou e continua a pressionar o sistema de saúde.

— Todos os esforços para a vacina precisam ocorrer em conjunto com o reforço de medidas de saúde pública — concluiu.

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