Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

STF disponibiliza ao público dados sobre atividades golpistas

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Sexta, 15 de Março de 2024 às 19:40, por: CdB

A íntegra dos depoimentos à Polícia Federal (PF) dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos Baptista Júnior, respectivamente, estão disponíveis ao público, nas páginas do STF.


Por Redação - de Brasília

Por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, estão disponíveis a partir desta sexta-feira os dados referentes ao golpe fracassado em 8 de janeiro do ano passado. Moraes levantou o sigilo dos depoimentos de militares e civis ouvidos no âmbito do inquérito que apura o ato golpista tramado pelo então mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) e aliados, contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O comandante da FAB, tenente-brigadeiro do ar Baptista Júnior, afasta-se de Bolsonaro


A íntegra dos depoimentos à Polícia Federal (PF) dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos Baptista Júnior, respectivamente, estão disponíveis ao público, nas páginas do STF. Ambos confirmaram que Bolsonaro estava à frente da trama golpista.

 

Milícias


Ex-comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior deixou claro, na oitiva à PF, que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, durante reunião com Bolsonaro, avisou que poderia prendê-lo, caso resolvesse levar adiante o plano de um golpe de Estado.

— Depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República — disse o brigadeiro, em seu depoimento.

A afirmação de Baptista Júnior consta no inquérito das milícias digitais, que investiga a tentativa de golpe discutida em reuniões convocadas por Bolsonaro, após sua derrota, no segundo turno das eleições de 2022. Ainda de acordo com o depoimento, o ex-comandante da Aeronáutica contou à PF que Freire Gomes fez a advertência no momento em que Bolsonaro cogitou o rompimento do Estado democrático e de Direito, mediante uso de força letal.

 

Tropas na rua


Ao escrivão, o ex-comandante da Aeronáutica também descreveu como ele e o comandante do Exército posicionaram-se contrariamente à tentativa de golpe. O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, por sua vez, prontificou-se a colocar os marinheiros nas ruas, prontos para aderir à intentona golpista liderada por Bolsonaro.

Baptista Júnior também afirmou que ele próprio avisou ao ex-mandatário que não apoiaria uma ruptura institucional e que deixou claro que não aceitaria qualquer tentativa de Bolsonaro de se manter no poder após o término do seu mandato. Às autoridades policiais, o aeronauta também falou sobre a reação de Bolsonaro após conhecer a realidade e perceber que sua aventura golpista terminara naquele momento.

— Que o ex-presidente ficava assustado — lembrou.

 

Depoimento


Freire Gomes também informou à PF que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, era a mesma versão apresentada por Bolsonaro aos chefes das Forças Armadas em uma reunião realizada em dezembro de 2022.

De acordo com o general, o documento foi apresentado por Bolsonaro em uma segunda reunião com militares. Pela primeira vez, o texto encontrado com Anderson Torres foi ligado à trama golpista investigada pela PF.

"Que confirma que o conteúdo da minuta de decreto apresentada foi exposto ao declarante nas referidas reuniões. Que ressalta que deixou evidenciado a Bolsonaro e ao ministro da Defesa (general Paulo Sérgio Nogueira) que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional", concluiu Freire Gomes, em seu depoimento.

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