Em uma carta entregue nesta quarta-feira ao pontífice, os sobreviventes dizem esperar que ele "faça tudo o que estiver em seu poder para assegurar que, em todos os cantos da Igreja universal, a questão dos abusos sexuais e espirituais seja vista.
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
Vítimas de pedofilia na Arquidiocese de Munique e Freising, na Alemanha, cobraram do papa Francisco mais ações para combater a prática de abusos sexuais por parte de membros do clero.
Em uma carta entregue nesta quarta-feira ao pontífice, os sobreviventes dizem esperar que ele "faça tudo o que estiver em seu poder para assegurar que, em todos os cantos da Igreja universal, a questão dos abusos sexuais e espirituais seja vista, enfrentada e impedida através de medidas preventivas".
"Os primeiros passos foram feitos, mas, no nosso ponto de vista, ainda é necessário um empenho forte e claro de todas as pessoas responsáveis dentro da Cúria e nas dioceses", afirma o documento.
Segundo as vítimas, também é preciso "enviar um claro sinal aos perpetradores e aos bispos que não cumpriram suas responsabilidades e que, em certa medida, ainda hoje não o fazem".
"As vítimas de abusos e violências na Arquidiocese de Munique se dirigem ao senhor, Santo Padre, com o coração aberto e ferido ao mesmo tempo. O percurso de recuperação é um desafio enorme, alguns o percorrem com muito sacrifício, para outros não é possível", afirma a carta.
Relatório independente
Um relatório independente divulgado em janeiro de 2022 lista pelo menos 497 vítimas de violência sexual na Arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019, englobando inclusive o período do papa emérito Bento XVI, falecido no fim do ano passado, como arcebispo (1977-1982).
Entre outras coisas, o documento aponta "comportamentos errôneos" do próprio Joseph Ratzinger em pelo menos quatro casos, incluindo o do padre pedófilo Peter Hullerman, transferido para a Arquidiocese de Munique em 1980, após ter sido acusado de violentar um garoto de 11 anos.