Total de vítimas após fortes chuvas, enchentes e desabamento de casas aumenta no oeste do país. Centenas estão desaparecidas, e buscas continuam. "A situação segue dramática", diz governadora.
Por Redação, com DW - de Berlim
O número de mortos após fortes chuvas e inundações que atingiram o oeste da Alemanha subiu para ao menos 103 nesta sexta-feira, e centenas de pessoas estão desaparecidas.
A grande quantidade de água transformou ruas em rios, com correntezas que varreram carros, arrancaram árvores e causaram o desabamento de casas. Interrupções nas linhas telefônicas fazem com que seja difícil traçar um retrato preciso da situação nos dois Estados mais afetados, Renânia do Norte-Vestfália e Renânia Palatinado.
Mesmo com o fim das chuvas torrenciais, barragens que transbordaram ou ameaçam romper seguem ameaçando a região.
– A situação continua dramática – afirmou a governador da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer, dois dias após chuvas intensas assolarem a região.
Mais de 50 pessoas morreram somente no Estado e, segundo um porta-voz da polícia, teme-se que o número continue a subir. "O fato de tantas pessoas terem morrido nesta catástrofe é realmente terrível", lamentou Dreyer.
A governadora apontou que resgatar moradores de suas casas é difícil, pois o acesso a muitas localidades é limitado. "Tudo isso é um grande desafio para nossas equipes de resgate, que trabalham ininterruptamente", disse.
No distrito de Ahrweiler, no norte da Renânia-Palatinado, uma das áreas mais assoladas pela catástrofe, centenas seguiam desaparecidas na manhã desta sexta. Mais de mil socorristas seguem trabalhando na área. As autoridades locais pediram o reforço de unidades sanitárias e de transporte e das Forças Armadas.
Barragens e casas afetadas
Em Erftstadt, ao sul de Colônia, na Renânia do Norte-Vestfália, construções desabaram na manhã desta sexta, deixando mortos. As autoridades locais ainda não conseguiram confirmar o número de vítimas, em meio a problemas de comunicação com a área afetada.
No Estado vizinho, ao menos seis casas já haviam desabado no distrito de Ahrweiler, e outras dezenas correm risco.
A barragem de Rur (Rurtalsperre), que represa o rio Rur na região de Aachen e no distrito Düren, no sudoeste da Renânia do Norte-Vestfália, transbordou na madruga desta sexta. Com isso, localidades como Düren e Jülich correm o risco de serem inundadas.
A barragem de Steinbach, perto de Euskirchen, também corre o risco de romper. A rodovia A61, que passa pela região, está fechada desde quinta.
Outras rodovias também foram fechadas, e algumas cidades foram preventivamente evacuadas. Alguns governos municipais declararam estado de emergência.
O transporte ferroviário continua afetado tanto na Renânia do Norte-Vestfália quanto na Renânia-Palatinado.
Em decorrência da catástrofe climática, 165 mil pessoas seguem sem energia elétrica.
No município de Stolberg, perto da cidade de Aachen, o abastecimento de água potável está comprometido, e os cidadãos foram instruídos a ferver a água antes do uso.
A catástrofe também fez vítimas na Bélgica. Segundo a imprensa local, o número de mortos chegou a 12 nesta sexta, e cinco pessoas ainda estão desaparecidas.
Governo federal promete ajuda
Em visita a Washington, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, prometeu ajuda a moradores das áreas afetadas pela catástrofe. "Posso dizer para as pessoas: nós não lhes deixaremos sozinhos em momentos difíceis, terríveis. Também ajudaremos na reconstrução", disse Merkel.
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, anunciou ampla ajuda financeira do governo federal para as áreas afetadas, a ser liberada dentro de poucos dias. O valor ainda não foi definido. Na chamada enchente do século dos rios Elba e Danúbio, que afetou oito estados alemães em 2013, o governo federal disponibilizou um fundo de ajuda de mais de 8 milhões de euros.
Em coletiva de imprensa ao lado do presidente norte-americano, Joe Biden, Merkel também observou que "o número de fenômenos climáticos extraordinários aumentou dramaticamente" e que, portanto, o mundo precisa agir.
A ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Svenja Schulze, afirmou que a catástrofe mostra que a mudança climática chegou ao país. "Trata-se de volumes de água históricos", disse. Ela defendeu que ajuda financeira chegue de maneira imediata aos atingidos.