Seus dois minutos perante o mundo, no entanto, foram pouco tempo para relatar as ameaças sofridas e as conquistas que ela e a sua família acumulam, em Rondônia. Txai é filha de Almir Suruí, 47, um dos líderes indígenas mais conhecidos do país, um duro crítico do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Por Redação - de Porto Velho
A índia paiter-suruí Txai Suruí, 24, passou para a História na véspera ao discursar, em inglês, na abertura da COP26, em Glasgow. Perante o mundo e diante de líderes como o norte-americano Joe Biden, a bela indígena falou sobre a participação dos povos indígenas nas decisões da cúpula do clima e lembrou o assassinato do amigo Ari Uru-Eu-Wau-Wau.
Seus dois minutos perante o mundo, no entanto, foram pouco tempo para relatar as ameaças sofridas e as conquistas que ela e a sua família acumulam, em Rondônia. Txai é filha de Almir Suruí, 47, um dos líderes indígenas mais conhecidos do país, um duro crítico do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Por tais críticas, Almir tem sido alvo de uma perseguição implacável. Ainda no ano passado, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, pediu à Polícia Federal (PF) que abrisse um inquérito para investigar "crime de difamação" que teria sido cometido por duas associações ligadas a seu pai.
Sarampo
O motivo foram críticas à atuação do órgão indigenista federal no combate à covid-19. O caso, porém, foi arquivado em maio deste ano. A covid-19, no entanto, tem sido dura para Txai. Ela perdeu as duas avós para a doença, além de primos e tios.
A mãe de Almir, Weitãg Suruí, falecida em janeiro, era um dos poucos paiter-suruís vivos nascidos antes do contato, ocorrido em 1969. Nos anos seguintes, doenças trazidas pelos brancos, principalmente o sarampo, quase dizimaram o povo, que habita a divisa entre Rondônia e Mato Grosso.
Outro momento difícil para a família foi em maio. A mãe da jovem, a indigenista Ivaneide Cardozo, 62, passou a receber ligações com ameaças de morte por conta de denúncias contra invasores da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau. Dois deles estiveram na sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, fundada e liderada por ela.