Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Sem auxílio emergencial, comércio passa por novo desastre nas vendas

Os resultados negativos nos últimos dois meses do ano, no entanto, ainda deixam o acumulado de 2020 com alta de 1,2%. É a quarta vez seguida que o comércio tem alta anual: 2,1% em 2017; 2,3% em 2018 e 1,8% em 2019.

Quarta, 10 de Fevereiro de 2021 às 14:29, por: CdB

Os resultados negativos nos últimos dois meses do ano, no entanto, ainda deixam o acumulado de 2020 com alta de 1,2%. É a quarta vez seguida que o comércio tem alta anual: 2,1% em 2017; 2,3% em 2018 e 1,8% em 2019. Com o recuo de dezembro, as vendas do varejo se igualaram ao patamar de fevereiro, período pré-pandemia.

Por Redação - do Rio de Janeiro

As vendas do comércio varejista desabaram em dezembro, numa queda de 6,1% na comparação com novembro, quando variou -0,1%. Trata-se do declínio mais intenso para um mês de dezembro de toda a série histórica, iniciada em 2000.

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O comércio popular em São Paulo, durante pandemia de coronavírus, passa por um período de vendas mais fracas

Os resultados negativos nos últimos dois meses do ano, no entanto, ainda deixam o acumulado de 2020 com alta de 1,2%. É a quarta vez seguida que o comércio tem alta anual: 2,1% em 2017; 2,3% em 2018 e 1,8% em 2019. Com o recuo de dezembro, as vendas do varejo se igualaram ao patamar de fevereiro, período pré-pandemia, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgados nesta quarta-feira em relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, recuou 3,7% em relação a novembro e fechou o ano em queda de 1,5%, após três anos consecutivos de altas. Em relação a dezembro de 2019, o crescimento foi 2,6%, sexta taxa positiva seguida nessa base de comparação.

— Os resultados da pesquisa costumam ter variações menores, mas com a pandemia, houve uma mudança desse cenário, já que tivemos dois meses (março e abril) de quedas muito grandes — disse a jornalistas o gerente de pesquisas do IBGE Cristiano Santos.

Resultado

O resultado do varejo foi de crescimento de maio até outubro, quando apresentou o maior patamar da série histórica e ultrapassou o patamar pré-pandemia, apesar da base de comparação muito baixa.

— A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro — acrescenta Santos.

A inflação dos alimentos foi outro fator de influência para o resultado nos últimos meses. Segundo Santos, o comércio em hiper e supermercados têm um peso maior para a PMC, quase a metade do resultado total.

— O que acontece nos mercados influencia bastante a pesquisa. E, por conta dos resultados recentes do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o volume de vendas acabou sendo afetado — acrescenta.

Sem auxílio

O crescimento do comércio varejista no acumulado de 2020 veio após um primeiro semestre de queda (-3,2%) e um segundo semestre de alta (5,1%). O comércio varejista ampliado apresentou a mesma dinâmica (-7,7% e 4,2%, respectivamente) mas o resultado não foi suficiente para a o indicador fechar o ano com taxa positiva.

O fim do auxílio emergencial e o aumento de casos de covid-19 no Brasil foram decisivos para a queda catastrófica nos resultados do varejo. Segundo empresários de grandes redes varejistas, em entrevista à mídia conservadora, nesta quarta-feira, os meses de agosto, setembro e outubro apontavam para uma recuperação, mas novembro, dezembro e janeiro foram muito piores do que o esperado.

— As vendas caíram muito. Imaginava-se que o fim do auxílio seria compensado pela retomada econômica, mas veio a segunda onda. Então, acabou o auxílio e a retomada não veio — disse a jornalistas o empresário Flávio Rocha, que dirige a rede Riachuelo.

Rocha afirma que o mês de janeiro foi o pior mês desde agosto, quando diversos Estados flexibilizaram as medidas restritivas adotadas para contenção da covid-19, o que aumentou a circulação de pessoas nas ruas e levou a uma retomada nas vendas.

— Esperava-se a retomada, mas ficamos no pior dos mundos, sem auxílio e sem emprego — concluiu.

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