No caminho de volta ao hospital, um míssil atingiu uma ambulância do Ministério, danificando o veículo e atingindo as pessoas que estavam na parte interna.
Por Redação, com Ansa - de Genebra
O ataque israelense a um comboio de ambulâncias na Faixa de Gaza, na tarde passada, gerou uma onda de condenações e aumentou a preocupação com as condições das equipes médicas que trabalham no enclave palestino. A instituição médica Sociedade Crescente Vermelho da Palestina (PRCS) afirmou em nota, neste sábado, que uma de suas ambulâncias foi atingida, atribuindo o incidente a "um míssil disparado por forças israelenses" que teria caído a dois metros da entrada do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza.

Segundo o PRCS, um comboio de cinco ambulâncias havia deixado o hospital rumo ao sul do enclave, sendo que quatro desses veículos pertenciam ao Ministério da Saúde local. Após se depararem com um trecho de estrada "bloqueado por grande quantidade de destroços e rochas" resultantes dos bombardeios em Gaza, os veículos tiveram de dar meia volta.
No caminho de volta ao hospital, um míssil atingiu uma ambulância do Ministério, danificando o veículo e atingindo as pessoas que estavam na parte interna. O segundo ataque teve como alvo a ambulância do Crescente Vermelho que se aproximava dos portões do hospital, transportando uma mulher ferida.
Versão
Nesta manhã, no horário local, o PRCS relatou que o ataque deixou 15 mortos e 60 feridos, números que equivalem aos divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza. Jornalistas relataram que vários corpos podiam ser vistos espalhados pela rua próxima ao hospital.
Militares israelenses, por sua vez, disseram que o alvo do ataque era uma ambulância usada por uma célula extremista do Hamas para transportar combatentes. Eles afirmam que o veículo teria sido utilizado em um local bastante próximo da posição dessa mesma célula nas frentes de batalha.
O Hamas negou que seus combatentes estivessem dentro das ambulâncias e disse que os veículos foram atingidos por mísseis israelenses enquanto transportavam feridos da Cidade de Gaza até Rafah, na fronteira com o Egito.
Genebra
O PRCS sublinhou que "o ataque deliberado a equipes médicas constitui uma grave violação da Convenção de Genebra, ou seja, é crime de guerra”. Desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, que mataram mais de 1,4 mil pessoas, as Forças de Defesa israelenses vêm impondo um cerco à Faixa de Gaza e realizando bombardeios constantes. A crise gerou uma grave escassez de água, medicamentos e alimentos no enclave, onde a situação humanitária piora a cada dia.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou neste sábado que mais de 9,4 mil palestinos, incluindo 3,9 mil crianças, foram mortos desde o início dos bombardeios.
“Estou horrorizado com o relato do ataque ao comboio de ambulâncias em Gaza em frente ao hospital Al-Shifa. As imagens dos corpos nas ruas do lado de fora do hospital são assustadoras", afirmou em nota o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Bombardeio
Guterres lembrou que há um mês a população civil de Gaza, incluindo mulheres e crianças, está isolada, sem acesso à ajuda humanitária e sofrendo constantes bombardeios.
— Isso tem que parar — disse o secretário-geral, reforçando o pedido por um cessar-fogo humanitário na região.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se disse "absolutamente chocado" com os relatos dos ataques às ambulâncias. Segundo a OMS, o hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, possui capacidade para 164 leitos. A falta de combustíveis para geradores de energia representa uma "ameaça direta às vidas dos pacientes", alertou a Organização.