Na cidade de Zaporizhya (sudeste), onde prédios residenciais foram atingidos, as autoridades informaram inicialmente a morte de duas pessoas.
Por Redação, com RFI – de Kiev
A Rússia lançou, na madrugada de quinta-feira, uma série de ataques contra as infraestruturas energéticas da Ucrânia, provocando restrições no fornecimento de eletricidade em todo o país e deixando três mortos, incluindo uma criança, na cidade de Zaporizhya, segundo autoridades. A primeira-ministra Yulia Svyrydenko acusou Moscou de ter o povo ucraniano e o fornecimento de energia elétrica como alvo, com a aproximação do inverno no hemisfério norte.

– O objetivo deles é mergulhar a Ucrânia na escuridão. O nosso é preservar a luz – declarou Yulia Svyrydenko no aplicativo Telegram. “Para pôr fim ao terror, precisamos de mais sistemas de defesa antiaérea, sanções mais severas e máxima pressão sobre o agressor”, acrescentou.
Na cidade de Zaporizhya (sudeste), onde prédios residenciais foram atingidos, as autoridades informaram inicialmente a morte de duas pessoas. Mais tarde, a administração regional anunciou que uma menina de sete anos faleceu no hospital após ser ferida no ataque.
Como consequência, a Ucrânia foi forçada a restringir o fornecimento de eletricidade em todo o território nacional. As ofensivas atingiram instalações energéticas nas regiões central, ocidental e sudeste da Ucrânia, segundo autoridades ucranianas.
Impactos no fornecimento de eletricidade, água e aquecimento
O Exército russo, que ocupa a Ucrânia há quase quatro anos, iniciou nas últimas semanas uma nova campanha de bombardeios contra a rede elétrica, com a chegada do inverno no hemisfério norte, a partir de dezembro.
Durante a madrugada, “o inimigo utilizou mais de 650 drones e mais de 50 mísseis de diferentes tipos” para atingir “instalações energéticas e residências comuns” em dez regiões da Ucrânia, denunciou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nas redes sociais.
O Ministério da Defesa da Rússia declarou ter realizado um ataque “maciço” contra “empresas do complexo militar-industrial” e “infraestruturas energéticas que garantem seu funcionamento”, além de “aeródromos militares”.
O Ministério da Energia anunciou restrições nacionais no fornecimento de eletricidade tanto para residências quanto para indústrias. Em algumas regiões, o abastecimento de água e o aquecimento também foram afetados.
De acordo com autoridades regionais, duas instalações energéticas na região de Lviv, no oeste do país, foram danificadas. A DTEK, maior empresa privada de energia da Ucrânia, informou que suas usinas termelétricas, distribuídas por várias regiões, foram alvo dos ataques.
– Esse ataque representa um golpe duro para nossos esforços de manter o fornecimento de energia neste inverno – lamentou no X o diretor da DTEK, Maxim Timtchenko. “Dada a intensidade dos ataques nos últimos dois meses, está claro que a Rússia pretende destruir completamente o sistema energético da Ucrânia”, acrescentou.
A operadora pública de energia Ukrenergo anunciou inicialmente cortes emergenciais de eletricidade na maioria das regiões pela manhã, antes de transformá-los em racionamentos programados para equilibrar a produção e o consumo da rede.
Rússia avança e Ucrânia pede reforço dos EUA e UE
A Rússia também afirmou ter capturado duas novas localidades no nordeste e no sul da Ucrânia, onde o Exército ucraniano vem perdendo terreno há meses. Trata-se das localidades de Sadové, na região de Kharkiv, e de Krasnoguirské, na região de Zaporíjia.
– Contamos com os Estados Unidos, a Europa e os países do G7 para não ignorarem a intenção de Moscou de destruir tudo – declarou Zelensky, pedindo o reforço das sanções contra Moscou.
Com falta de tropas e armamentos, o exército ucraniano responde com ataques de longo alcance, geralmente realizados com drones.
Nos últimos meses, os ataques de Kiev têm se concentrado principalmente em infraestruturas energéticas russas, com o objetivo de interromper as exportações de petróleo e reduzir o financiamento do esforço de guerra de Moscou.
Na semana passada, Washington e a União Europeia anunciaram sanções contra o setor petrolífero russo, na esperança de pressionar Moscou a encerrar a invasão.