A instalação conta com quatro estruturas provisórias, onde estarão a postos oito bombeiros militares, equipados com uma viatura multimodal de salvamento e combate a incêndio. O PABM garante a segurança contínua na Cidade do Samba e em toda a Zona Portuária, além de atender o Morro da Providência e ser a primeira resposta de emergência para o Aeroporto Santos Dumont.
Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro
O Governo do Estado inaugurou, na segunda-feira , um Posto Avançado de Bombeiro Militar (PABM) na Cidade do Samba. A unidade vai reforçar a prevenção a incêndios nos barracões das escolas de samba e reduzir o tempo de resposta dos socorros em toda a área do Porto Maravilha, na região central da capital, incluindo o Túnel Marcello Alencar.
- O Governo do Estado tem uma preocupação muito grande em investir no Carnaval não apenas durante a festa, mas também em realizar ações estruturantes que ajudem a preparação para o evento. A unidade dos Bombeiros na Cidade da Samba vai oferecer segurança para aqueles que passam tanto tempo criando o maior espetáculo da Terra - disse o governador Cláudio Castro.
A instalação conta com quatro estruturas provisórias, onde estarão a postos oito bombeiros militares, equipados com uma viatura multimodal de salvamento e combate a incêndio. O PABM garante a segurança contínua na Cidade do Samba e em toda a Zona Portuária, além de atender o Morro da Providência e ser a primeira resposta de emergência para o Aeroporto Santos Dumont.
- A unidade é fruto de um termo de cooperação com a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) e vai agilizar o atendimento em caso de ocorrências nas agremiações. O efetivo vai dar cobertura, ainda, a toda a área portuária - afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Sampaio Monteiro.
Hotel Acolhedor
Como tantos que já viveram nas ruas, o ambulante Antônio Carlos Valério, de 35 anos, e o artista plástica Pierre Coelho Rodrigues, de 43, compartilham trajetórias de dificuldades. Agora, também passaram a ter em comum um apoio para enxergar novos horizontes desde que conheceram o Hotel Acolhedor, uma iniciativa do Governo do Rio de Janeiro voltada para pessoas em situação de rua ou de extrema vulnerabilidade. Inaugurado em 30 de agosto, o programa já realizou mais de cinco mil acolhimentos em suas duas unidades, no Centro do Rio e no Catete, na Zona Sul carioca.
Antônio e Pierre estão abrigados no Hotel Acolhedor do Catete, que tem capacidade para 130 pessoas, de 18 a 59 anos. No Centro, são 170 vagas. As unidades funcionam de 19h às 7h e oferecem duas refeições: jantar e café da manhã. Durante o pernoite, os hóspedes têm direito a um quarto coletivo, com banheiro. Também recebem um kit de higiene pessoal, com sabonete, xampu, desodorante, sabão em pó para lavar roupas e máscara cirúrgica contra a Covid-19, além de barbeador ou absorvente.
Essa acolhida significou uma transformação para Antônio que, entre idas e vindas, viveu três anos nas ruas. Após a morte da mãe, vítima de câncer, ele se entregou à bebida, perdeu o emprego, ficou sem renda e viu a companheira e os filhos se afastarem. Sem alternativa, foi parar nas calçadas.
- Eu dormia no Largo do Machado, vendo ratos e baratas, passando frio e exposto a covardias. Eu só bebia e trocava o dia pela noite – lembra o ex-morador de rua.
No início de setembro, ao saber da abertura do Hotel Acolhedor no Catete, Antônio procurou agentes do Segurança Presente, que o encaminharam para o abrigo. Após pouco mais de dois meses no local, ele já tem uma ocupação e consegue até juntar dinheiro para fazer seu pequeno negócio de venda de doces crescer.
- Estou superbem. O Hotel Acolhedor caiu do céu. Sou muito grato. Hoje, ando limpinho, tenho um canto e alimentação. Conheci uma pessoa que fornecia doces gourmet no Largo do Machado, ela confiou em mim. Primeiro foram três caixinhas, que eu vendia na mão, andando na rua. A cada venda, eu economizava e depois fui investindo. Comprei um cavalete, uma tábua, tudo arrumado e higienizado – conta, comemorando a nova rotina: - Saio do hotel, monto a minha barraca às 7h e fico lá até dar o horário de retornar para dormir todos os dias. Não quero ficar aqui para sempre. O que eu mais quero é alugar um lugar pra mim e poder ajudar os meus filhos.
Pierre é uma pessoa trans e trabalha fazendo pinturas com spray há 18 anos, quando assinava como Maria Gardênia, seu nome de batismo. Sem apoio da família para sua orientação sexual, saiu de casa e acabou ficando sem teto. Há cerca de um mês, conheceu o Hotel Acolhedor por intermédio de outro morador de rua e sua vida mudou.
- Faço parte de um grupo de pessoas que ficou desamparado. Agora, com o apoio que estou recebendo, vou juntar um dinheiro para alugar uma casa ter a minha vida social de volta. Aqui no Hotel Acolhedor eu me alimento, tomo banho quente, tenho uma toalha limpa, um lençol limpo, descanso e no dia seguinte vou à luta de novo – diz ela, acrescentando: - O tratamento dos educadores é maravilhoso, eles são bem compreensivos com a história de cada um que está aqui dentro. Todos os dias eu consigo cerca de R$ 50 com o meu trabalho e, com isso, me mantenho sem precisar pedir dinheiro nas calçadas, tentando levar uma vida digna.
A assistente social Carol Guido (abaixo, de óculos), de 35 anos, que atua no programa Hotel Acolhedor, diz que a principal missão do programa é retirar as pessoas em vulnerabilidade da condição de invisíveis à sociedade e ajuda-las a garantir cidadania.
- Quando fui convidada para trabalhar no Hotel Acolhedor, fiquei muito feliz. É um enorme desafio, pois cada pessoa precisa de um olhar além daquilo que se percebe. Uma atenção sem preconceito, sem discriminação. A gente tem que romper essas barreiras e fazer com que a pessoa se sinta valorizada e respeitada – afirma.
O Hotel Acolhedor, vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, recebe pessoas que são atendidas nas bases do Segurança Presente, pelo programa RJ para Todos e pela Fundação Leão XIII. Entre os abrigados no hotel, 90% voltam para pernoitar, e 10% são de novas entradas. Dos acolhidos, 18% têm entre 18 e 29 anos, e 82 % de 30 a 59 anos.