Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Rio: exposição no MAR discute territórios de homens negros e racismo

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Sábado, 06 de Agosto de 2022 às 08:11, por: CdB

A mostra vai até o dia 6 de novembro, no Espaço Orelha, ao lado da biblioteca, no quarto andar do museu, com funcionamento de quinta-feira a domingo, sempre das 11h às 18h, sendo que a entrada ao pavilhão ocorre até 17h.

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

O Museu de Arte do Rio (MAR) recebe, a partir deste sábado, a mostra individual Ramificar, do artista plástico RAMO. A entrada é gratuita e o museu fica na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.
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Artista plástico RAMO
A mostra vai até o dia 6 de novembro, no Espaço Orelha, ao lado da biblioteca, no quarto andar do museu, com funcionamento de quinta-feira a domingo, sempre das 11h às 18h, sendo que a entrada ao pavilhão ocorre até 17h. Falando à Agência Brasil, RAMO conta que o tema central da exposição é um exercício de conexão entre os dois territórios que são muito importantes para ele: a cidade de Mauá, no ABC Paulista, onde nasceu, com a Praça Mauá e a Pequena África. – É uma justaposição entre as culturas que estão sendo trabalhadas ali, pensando e produzindo a partir do corpo de homens pretos e periféricos, ou favelados. A região do Rio de Janeiro que compreende a zona portuária, Gamboa e Saúde, e também onde se encontra a Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal, Santo Cristo, assim como outros locais habitados por escravizados alforriados, ficou conhecida como Pequena África, entre os anos de 1850 e 1920. RAMO explicou que, ao olhar para esse exercício social, buscou soluções práticas, visuais e poéticas para lidar com a constante negligência do estado brasileiro em relação a essa população específica. O artista levanta o debate sobre o racismo e a violência contra o negro. “A ideia é discutir território e, ao mesmo tempo, criar soluções práticas no campo das artes visuais para essa vereda com que a gente precisa lidar”.

Obras

Ao todo, são 29 obras expostas, sendo três produzidas exclusivamente para a exposição: duas pinturas (Amor e Tereza) e uma instalação 111 (Neo Ex-Votos). A instalação traz a proposta de cura para a vilanização do homem preto e periférico a partir da memória do Massacre do Carandiru, chacina resultou em 111 mortos e que completa 30 anos no dia 2 de outubro. Já a obra Tereza traz um momento de esperança e afeto para a exposição, ao mostrar um autorretrato de RAMO e sua companheira, Ester Lopes. RAMO conta que a exposição pretende entender a periferia carioca em sua complexidade, a partir da troca e do aprendizado com os moradores locais. – Ramificar também é refletir sobre esse movimento, essas idas e vindas, esses fluxos e refluxos, partindo do meu corpo de homem preto e periférico e do desejo de dialogar com os meus pares, porque a periferia é extremamente múltipla. Eu espero que as pessoas se sintam tocadas, reflitam e ramifiquem.

Artista

Roger Ramos começou a demonstrar talento para as artes plásticas ainda novo, apoiado pelos pais, que o incentivavam a ler e escrever. Desenhava desde criança e sempre esteve ligado a processos pedagógicos e educativos que lidam com a arte. Profissionalmente, o artista RAMO surgiu em 2016. Ele estará na abertura da mostra e convidou outros artistas plásticos cariocas para participar de uma feira de arte paralela, chamada O corre, gíria que se refere à rotina corrida, à luta diária de artistas e produtores, em geral. No início de 2020, RAMO participou com duas obras da exposição Rua!, também no MAR.

Diálogo

O curador-chefe do MAR, Marcelo Campos, afirmou que a exposição mantém o museu em diálogo com os jovens e os artistas contemporâneos. – RAMO não trabalha diretamente com a cena violenta. Há uma espécie de imaginário da violência. Você vai ter na obra, por exemplo, um elemento como o rosto coberto pela camiseta, que é a referência ao Carandiru e à ideia de vilão. Ou seja, na obra do RAMO, você vai ter elementos que te colocam em diálogo e reflexão sobre a violência, mas você não tem a cena – destac Campos. – A mostra ajuda a cumprir a nossa missão no MAR de manter o diálogo com os jovens e os artistas contemporâneos. Com Ramificar conseguimos também colocar a arte a favor de discussões fundamentais para a nossa sociedade e, principalmente, para a região onde estamos – acrescenta Raphael Callou, diretor da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), que é gestora do MAR desde janeiro deste ano.
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