A solicitação foi feita durante uma audiência na quarta-feira pelos advogados do funcionário vaticano Fabrizio Tirabassi. O objetivo seria ouvir o pontífice sobre o que ele conhecia das tratativas com o corretor Gianluigi Torzi para a compra de um edifício em Londres.
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
A defesa de um réu no processo sobre supostas irregularidades na gestão dos fundos da Santa Sé pediu que o Tribunal do Vaticano considere tomar o depoimento do papa Francisco. A solicitação foi feita durante uma audiência na quarta-feira pelos advogados do funcionário vaticano Fabrizio Tirabassi. O objetivo seria ouvir o pontífice sobre o que ele conhecia das tratativas com o corretor Gianluigi Torzi para a compra de um edifício em Londres. Torzi teria recebido 15 milhões de euros na operação, que está no centro do processo e teria sido feita com dinheiro do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação de donativos da Igreja Católica. O caso já provocou a renúncia do poderoso cardeal Angelo Becciu ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e aos direitos do cardinalato. Na época da aquisição, Becciu era o "número 2" na Secretaria de Estado do Vaticano, principal dicastério da Cúria Romana. O pedido da defesa de Tirabassi, funcionário administrativo da Secretaria de Estado, se baseia no áudio de um interrogatório do bispo Alberto Perlasca, ex-braço-direito de Becciu, no qual procuradores citam declarações dadas pelo papa. – Fiquei estupefato com as falas do promotor – declarou um dos advogados de Tirabassi, Cataldo Intrieri, em referência ao promotor Alessandro Diddi, que aparece no áudio. Segundo Intrieri, Perlasca falava das negociações com Torzi, mas foi interrompido pelos interrogadores, que alegavam que já haviam tratado daquela questão com Francisco. – Mas não tem nenhum traço disso nos autos. Das duas, uma: ou os promotores não documentaram um ato importante, ou mentiram para Perlasca, induzindo-o a acreditar que o Papa tinha negado aquilo que ele afirmava – declarou o advogado de Tirabassi. Intrieri, no entanto, explicou que não pede a presença do pontífice no tribunal. "Iriam na residência do interessado, em uma audiência fechada ao público", disse. Diddi, por sua vez, garantiu que nunca conversou com o papa sobre esse assunto. Segundo ele, a referência feita no interrogatório de Perlasca foi a uma declaração dada pelo líder católico durante seu voo de volta de uma viagem à Tailândia e ao Japão, em novembro de 2019.