Os trabalhos revelaram uma série de crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, por integrantes do seu governo e também por agentes privados. Nesse sentido, a conclusão da CPI na semana que vem, após a votação do relatório, deve garantir certo “fôlego” a Bolsonaro.
Por Redação - de São Paulo
De acordo com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto, o relatório final da CPI da Covid, apresentado na véspera, atendeu as expectativas de quem sofreu as consequências da má gestão da pandemia pelo governo.
Os trabalhos revelaram uma série de crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, por integrantes do seu governo e também por agentes privados. Nesse sentido, a conclusão da CPI na semana que vem, após a votação do relatório, deve garantir certo “fôlego” a Bolsonaro. Mas, ainda assim, segundo Couto, não deve ser suficiente para reerguer sua popularidade.
Além do crimes cometidos durante a pandemia, o analista cita a alta da inflação, a volta da fome e do desemprego como principais complicadores. Encurralado, o governo aposta suas fichas no chamado Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Mas ainda não há consenso sobre o valor do benefício, nem sobre a origem desses recursos.
— Se for listar todos os problemas desse governo, a gente não termina hoje. Tudo isso faz com que esse respiro não seja suficiente para dar fôlego ao governo diante de todos esses problemas — disse Couto, nesta quinta-feira, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA)..
Genocida
Ainda sobre a CPI e Bolsonaro, Couto atribuiu a “questões estratégicas” a exclusão da tipificação de genocídio contra indígenas do relatório final. Corroborando posicionamento da jurista Sylvia Steiner, que também disse ser difícil estabelecer a tipificação desse crime. “No debate público, virou um termo de carga retórica. Usamos genocídio para se referir a esse morticínio que o governo de fato promoveu no que diz respeito à gestão da pandemia”, explicou.
Por outro lado, todo o conjunto de políticas anti-indígenas levada a cabo pelo atual governo – como o fim das demarcações e o estímulo a invasões dos territórios indígenas por grileiros e garimpeiros – podem configurar, sim, a prática de genocídio. O especialista sugere uma CPI específica para tratar desse conjunto de ações de Bolsonaro contra os povos tradicionais.