Eles estão atolados e, para tentarem escapar, fizeram apostas que só os afundam ainda mais no pântano.
Ednaldo Rodrigues, ainda presidente da CBF porque o ministro do Supremo Gilmar Mendes o segura pela ponta dos dedos, não consegue nem livrar-se das evidências de corrupção nem mostrar a mais remota competência para o cargo. Botou na cabeça que só a conquista do Mundial de 2026 poderá salvá-lo, mas acaba de dar o definitivo tiro no pé ao insistir na escolha de um técnico que não vai dar certo de jeito nenhum.
Por Celso Lungaretti, editor do blog Náufrago da Utopia

Jair Bolsonaro tem contra si a maior quantidade de provas e depoimentos irrefutáveis incriminando um ex-presidente da República em todos os tempos. É uma prisão esperando acontecer e tentou virar o jogo com uma tramoia gritantemente inconstitucional, na esperança de, forçando a barra, pegar carona numa imunidade parlamentar que não se destinava aos sem-mandatos como ele.
Não se deu conta de que só fascistas alucinados arriscariam uma situação favorável para eles, embarcando num confronto de Poderes que poderia arruiná-los.
Lembrou o integralista Plínio Salgado, um ultradireitista que desfrutava de uma situação confortável na ditadura do também direitista (só que menos extremado) Getúlio Vargas, mas quis alcançar o poder maior virando a mesa e acabou ficando sem nada, primeiramente preso e depois exilado por seis anos em Portugal.
Da mesma forma, o fracasso do seu cavalo de Troia fez Bolsonaro ser percebido pelo seu próprio nicho como um personagem altamente tóxico, que invariavelmente atrai desgraças para seus cúmplices e seguidores.
Michel Temer, político hábil, notou de imediato que Jair se fragilizara ainda mais e correu a articular uma frente de direita sem loucuras nem Bolsonaro (pensando bem, incidi aqui numa redundância, mas estou com preguiça de corrigir…).
Hugo Motta quis dar uma demonstração de força como novo presidente da Câmara Federal, mas viajou na maionese ao apoiar manobra tão destrambelhada quanto a de favorecer aquela votação delirante cujo verdadeiro objetivo último era cacifá-lo.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre já ocupara o espaço de parceirinho das jogadas do Lula, então Motta supôs que se fortaleceria ameaçando ressuscitar o anti-Lula. Errou bisonhamente, debilitou a própria posição e ajudou Bolsonaro a desmoralizar-se ainda mais, se é que isto seja possível.
Finalmente, Carlo Ancelotti, ao aceitar o abraço de afogados com Ednaldo Rodrigues, fez péssimo negócio, mesmo se considerarmos que talvez não lhe houvesse sobrado grande coisa, após passar uma desastrosa temporada em branco no Real Madrid e de ter sido feito de gato e sapato pelo técnico Hansi Flick do Barcelona (foi derrotado nos quatro El Classico, sofrendo uma ultrajante média de quatro gols contra por partida).
Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, milante contra a ditadura militar e contra os golpistas.
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.