Com a raiva contra as regulamentações verdes e as importações baratas compartilhada entre os agricultores de toda a Europa, manifestantes da Itália, Espanha e outros países europeus participaram do ato em Bruxelas.
Por Redação, com Reuters - de Bruxelas
Agricultores jogaram ovos e pedras no Parlamento Europeu em Bruxelas, nesta quinta-feira, fizeram fogo perto do prédio e soltaram fogos de artifício ao exigirem que os líderes da União Europeia façam mais para ajudá-los com impostos e custos crescentes.
Com a raiva contra as regulamentações verdes e as importações baratas compartilhada entre os agricultores de toda a Europa, manifestantes da Itália, Espanha e outros países europeus participaram do ato em Bruxelas, que coincidiu com uma cúpula da UE nas proximidades, além de realizarem protestos em seus países.
Embora as queixas locais também variem, a crescente agitação, também observada em Portugal, Grécia ou Alemanha, expõe as tensões sobre o esforço da UE para combater as mudanças climáticas.
– Queremos acabar com essas leis malucas que chegam todos os dias da Comissão Europeia – disse em Bruxelas José Maria Castilla, um agricultor que representa o sindicato espanhol de agricultores Asaja.
Os protestos em toda a Europa ocorrem em um momento em que a extrema-direita, para a qual os agricultores representam um eleitorado crescente, é vista obtendo ganhos nas eleições de junho para o Parlamento Europeu. Os líderes estão tentando acalmar a agitação.
– Em toda a Europa, surge a mesma pergunta: como podemos continuar a produzir mais e melhor? Como podemos continuar a enfrentar as mudanças climáticas? Como podemos evitar a concorrência desleal de países estrangeiros? – disse o primeiro-ministro francês Gabriel Attal, ao anunciar novas medidas em Paris.
Attal prometeu facilitar a vida dos agricultores e protegê-los melhor em nível francês e da UE, inclusive proibindo importações baratas de produtos que usam um pesticida proibido na Europa e garantindo que os rótulos dos alimentos indiquem claramente se o produto é importado. Mais ajuda para os agricultores também está a caminho, segundo ele.
Mais ajuda
Os agricultores já garantiram várias medidas, incluindo as propostas da Comissão Executiva do bloco para limitar as importações de produtos agrícolas da Ucrânia e afrouxar algumas regulamentações ambientais sobre terras em pousio, as quais vários líderes da UE saudaram ao chegarem à cúpula.
Mas eles afirmam que isso não é suficiente e que estão sufocados por impostos e regras verdes e enfrentam a concorrência desleal do exterior.
– As eleições europeias estão chegando e os políticos estão muito nervosos, assim como a Comissão Europeia. Acho que este é o melhor momento para que, juntos, todos os agricultores europeus saiam às ruas – acrescentou o agricultor espanhol Castilla.
Embora a crise dos agricultores não esteja oficialmente na agenda da cúpula da UE, que até agora se concentrou na ajuda à Ucrânia, um diplomata da UE disse que a situação dos agricultores seria discutida.
– Está acontecendo em toda a Europa, então vocês devem ter esperança – disse Kevin Bertens, um agricultor dos arredores de Bruxelas, nos protestos na capital belga. "Vocês precisam de nós. Ajudem-nos!"
Pequenos grupos tentaram derrubar as barreiras erguidas em frente ao Parlamento - a poucos quarteirões de onde a cúpula estava ocorrendo - mas a polícia disparou gás lacrimogêneo e borrifou água nos agricultores com mangueiras para fazê-los recuar.
Enquanto isso, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, repetiu a oposição do presidente francês, Emmanuel Macron, à assinatura de um acordo comercial com o Mercosul em sua forma atual, outra demanda importante para os agricultores.