Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Produção brasileira sobre direitos humanos é selecionada, em Paris

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Sábado, 01 de Dezembro de 2018 às 14:33, por: CdB

O Festival é totalmente online. Foram selecionados 51 filmes de 19 países diferentes, dentre eles um brasileiro.

 
Por Marilza de Melo-Foucher - de Paris
 

Em comemoração aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos - 10 dezembro, vários eventos se organizam em Paris, dentre muitos o Mobile Film Festival, um Festival Internacional de filmes de um minuto, esta edição será dedicada aos filmes sobre direitos humanos.

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Cena do vídeo brasileiro, premiado no festival de cinema dedicado aos direitos humanos, em Paris

O Festival é totalmente online. Foram selecionados 51 filmes de 19 países diferentes, dentre eles um brasileiro. Segundo Marina Martins assistente chefa de projetos a grande maioria dos filmes é realizada por jovens cineastas e cada um deles trata de um tema relacionado aos direitos humanos.

Entrevista

Todos eles estão disponíveis online, em no site e nas páginas do Facebook, YouTube e Twitter. O conceito segundo a brasileira Mariana é em  1 minuto, 1 celular, 1 filme e essa edição é uma parceria com a ONU, a União Europeia e o programa YouTube Creators for Change.

Nesta terça-feira, haverá uma Cerimônia de Premiação em Paris, no cinema MK2 Bibliothèque, onde estarão presentes alguns realizadores dos filmes, representantes e organizações parceiras e membros do júri.

Leia, adiante, uma breve entrevista com a jornalista e produtora de vídeos Bruna Weber. Ela foi a única brasileira com a produção selecionada para o festival. Weber é jornalista, nasceu em Novo Hamburgo, interior gaúcho, e nos fala primeiro de seu trabalho como jornalista. Em seguida, sobre a questão dos direitos humanos, concernente a violência e assassinatos de mulheres no Brasil.

— O discurso pode parecer pronto sobre o que é ser jornalista. Ao longo desses anos, trabalhei como repórter de TV em diferentes emissoras, e muitas vezes, o mercado não nos permite produzir aquilo que realmente percebemos que é relevante, aquele outro olhar aos fatos. Na verdade, muitas vezes, nossos fatos são números — aponta.

Direitos Humanos

Ainda segundo Weber, “foi através disso - pesquisando sobre números da violência doméstica no Brasil - que construí a narrativa de Amado Inimigo, única produção brasileira que está na Final do Mobile Film Festival - Stand Up for Human Rights”.

— E os dados impressionam, a cada duas horas uma mulher é assassinada aqui. Isso sem contar, as vítimas de estupro, abuso psicológico e físico. É só buscar nos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública — acrescentou.

— Bruna porque a questão dos direitos humanos lhe interessa?

— Os direitos humanos deveriam interessar a todos, todos nós somos vítimas de um sistema que transforma heróis em vilões e vítimas em inimigos mortais, ou seja, somos reféns de um país comandado por políticos corruptos e nossa história carrega uma cultura machista e carregada de violência. Aproveito para desabafar sobre nosso futuro presidente.

Vivemos em uma época em que é necessário ir em busca de paz e igualdade, e o que se viu dos eleitores nas urnas este ano, foi uma mistura de sentimentos: ao mesmo tempo que se busca mudança e extermínio da corrupção, também se nota o preconceito velado que existia dentro de cada eleitor de Jair Bolsonaro.

— O que você espera do próximo presidente do Brasil?

Não tenho conhecimento político para entender as manobras de governo, mas sei que não é o discurso de ódio, machista, homofóbico e preconceituoso que fará nosso país andar para frente. Tenho medo do que irá acontecer por aqui. Tenho medo que as minorias percam os direitos conquistados.

— Qual será o seu compromisso político com esta questão?

— Dentro do possível, através do que sei fazer produção de roteiros e vídeos, tento tocar as pessoas de alguma maneira, e penso que é por isso que conseguimos ser finalistas nesse prêmio. Nossa única intenção era mostrar uma realidade muito triste e dura do nosso país. Diariamente eu noticio sobre vítimas de violência doméstica. E a gente não pode se acostumar, ninguém vai nos calar.  Hoje, com mais de 120 mil acessos em "Amado Inimigo", penso que de alguma maneira, mobilizamos pessoas.

Já é um começo.

Marilza de Melo-Foucher é correspondente do Correio do Brasil, em Paris.

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