No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 soma 4,94%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses terminados em setembro.
Por Redação – de Brasília
A prévia da inflação oficial de outubro ficou em 0,18%, pressionada principalmente pelo preço dos combustíveis, indica o chamado ‘pouso suave’ da economia brasileira rumo ao teto da meta do Banco Central, de 4,5% no ano. Nessa direção, os preços dos alimentos caíram pelo quinto mês seguido e ajudaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) a desacelerar em relação a setembro, quando marcou 0,48%.

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 soma 4,94%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses terminados em setembro. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com dados prévios, a inflação anual ainda se mantém acima da meta do governo, de 3% ao ano com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos, ou seja, indo no máximo a 4,5%. Instituições financeiras ouvidas pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), estimam que o IPCA deve terminar o ano em 4,7%.
Conta de luz
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram alta na passagem de setembro para outubro: Vestuário (0,45%); Despesas pessoais (0,42%); Transportes (0,41%); Saúde e cuidados pessoais (0,24%); Habitação (0,16%); Educação (0,09%); Artigos de residência (-0,64%); Comunicação (-0,09%); e Alimentação e bebidas (-0,02%)
O grupo transportes representou a maior pressão de alta, respondendo por 0,08 ponto percentual do IPCA-15. Colaboraram os combustíveis (1,16%) e passagens aéreas (4,39%). A gasolina, produto com maior peso entre todos os 377 subitens pesquisados, subiu 0,99%. O etanol ficou 3,09% mais caro no mês.
No grupo habitação, a desaceleração de 3,31% (setembro) para 0,16% (outubro) contou com o refresco da energia elétrica residencial, que caiu 1,09%. De todos os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, a conta de luz foi a que mais puxou o índice para baixo (-0,05 ponto percentual).
A explicação está migração da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para 1. No 2, há cobrança adicional de R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos. Já no nível 1, o extra é de R$ 4,46.
A cobrança extra é determinada pela Aneel para custear usinas termelétricas em tempos de baixa nos reservatórios das hidrelétricas. O adicional é necessário, pois a energia gerada pelas termelétricas é mais cara que a hidrelétrica.
Melhora
Com núcleos mais benignos, IPCA-15 volta à tendência de melhora, apontam analistas do Banco Daycoval.
— O IPCA-15, de forma geral, vem surpreendentemente melhor na margem, como a headline propriamente sugere, houve uma melhora qualitativa refletida nos serviços subjacentes e nos núcleos, ainda que em menor intensidade nos intensivos em trabalho, mas o nível de inflação ainda bastante elevado, especialmente na parte de serviços — analisa o economista-chefe do banco, Rafael Cardoso.
Ainda segundo o analista, “há uma tendência de melhora” que havia sido suspensa em algumas leituras do IPCA. A melhora, no entanto, não foi suficiente ainda para o Banco Central (BC) alterar a estratégia de juros altos.
— Ao contrário, o que a gente vem argumentando é que quando a estratégia está certa, o incentivo que você tem é em manter a estratégia — concluiu.