O projeto, liderado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro, com participação da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE), e pela Beijing Normal University, tem como objetivo analisar a influência da variabilidade climática e de eventos extremos.
Por Redação – de São Paulo
Diante um aumento generalizado nas taxas de importação dos produtos chineses nos países mais desenvolvidos, principalmente nos EUA, Canadá e União Europeia, o governo chinês tem ampliado parcerias com os países do chamado Sul Global, entre eles o Brasil. Pesquisadores do Brasil e da China têm avançando em uma colaboração internacional para investigar os impactos das mudanças climáticas em ecossistemas tropicais dos dois países, dentre eles a Caatinga, em um esforço gigantesco diante da iminente tragédia global causada pelas altas temperaturas do planeta.
O projeto, liderado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro, com participação da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE), e pela Beijing Normal University, tem como objetivo analisar a influência da variabilidade climática e de eventos extremos, como o El Niño, na fenologia vegetal e suas implicações para a biodiversidade.
Dividido entre as instituições dos dois países, o projeto tem a UNESP Rio Claro liderando as atividades no Brasil, enquanto a Beijing Normal University coordena a pesquisa na China. A iniciativa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Estudo
A atuação da Embrapa Semiárido se concentra em dois aspectos: o primeiro é analisar o impacto de eventos climáticos extremos, como secas severas, na vegetação da caatinga. O segundo envolve o estudo das diferentes escalas espaciais e temporais aplicáveis ao monitoramento da vegetação.
— Estamos avaliando as interações do clima com a vegetação a partir de diversas tecnologias — explica Magna Moura, pesquisadora da Embrapa.
No Campo Experimental da Caatinga, em Petrolina, uma torre de referência que mede fluxos de carbono, água, radiação, precipitação e umidade do solo, dentre outros parâmetros ambientais, conta com uma câmera fenológica acoplada, que observa diariamente as respostas das plantas às variações do tempo e do clima.
— Esse monitoramento é complementado com imagens de drone, que ampliam a área de observação para cerca de cinco hectares, e de satélites como o Landsat e o MODIS, que oferecem uma visão mais ampla, com resoluções entre 30 e 500 metros — acrescenta Moura.
Biomas
O projeto combina esses dados da Caatinga com informações de outras regiões do Brasil e da China, permitindo uma análise mais abrangente dos impactos climáticos.
A coordenadora do projeto no Brasil, a pesquisadora Patrícia Morellato, da UNESP, por sua vez, ressalta que; além da Caatinga, o estudo também abrange a análise dos efeitos dos eventos climáticos na dinâmica foliar e na resposta da vegetação do Cerrado.
— Estamos vendo um aumento de secas extremas e chuvas intensas em várias regiões. Esse projeto nos oferece uma oportunidade única de avaliar a adaptação e a resiliência da vegetação brasileira e entender como as espécies desses dois biomas estão reagindo a esses eventos extremos — conclui Morellato.