Esse foi o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% vista nos três últimos meses de 2024. No primeiro e segundo trimestres, a economia cresceu 1,5% e 0,3% respectivamente.
Por Redação – de Brasília e Rio de Janeiro
A economia brasileira cresceu menos do que o previsto no terceiro trimestre, quando a desaceleração do setor de serviços compensou dados positivos da agropecuária e da indústria e o consumo das famílias perdeu força, em desempenho que alimentava apostas em um corte de juros pelo Banco Central (BC) em janeiro.

O Produto Interno Bruto (PIB) teve avanço de 0,1% entre julho e setembro na comparação com os três meses imediatamente anteriores, mostraram os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse foi o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% vista nos três últimos meses de 2024. No primeiro e segundo trimestres, a economia cresceu 1,5% e 0,3% respectivamente, em dados revisados pelo IBGE de 1,3% e 0,4% informados antes.
Pesquisa
O resultado do terceiro trimestre ficou aquém da expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters de alta de 0,2% na comparação trimestral. Em relação ao terceiro trimestre de 2024, o PIB apresentou expansão de 1,8%, contra expectativa de alta de 1,7%.
A perda de fôlego da atividade econômica brasileira é reflexo da política monetária contracionista, com a taxa básica de juros Selic atualmente em 15%, o que limita novos investimentos, o consumo e o crédito.
— Temos uma desaceleração clara e uma política monetária contracionista que está pesando e comprometendo a economia. Esse 0,1% é uma estabilidade e 0,3% era uma variação positiva, mas perto de zero. Não dá para chamar de crescimento — afirmou Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE.
Cautela
O BC volta a se reunir nas próximas terça e quarta-feiras e deve optar pela manutenção da Selic após ter sinalizado convicção de que isso vai assegurar a volta da inflação à meta de 3%, mas a expectativa do mercado é de corte em janeiro.
Após a divulgação do dado do PIB, a curva a termo precificava nesta manhã 84% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic na primeira reunião de política monetária do próximo ano. No fechamento de quarta-feira, este percentual estava em 78%.
— Embora ainda existam motivos para o Banco Central permanecer cauteloso, um ciclo de afrouxamento agora parece estar próximo. Esperamos um primeiro corte na taxa de juros em janeiro e mais afrouxamento do que a maioria espera até o final de 2026 — pontuou Liam Peach, economista senior de mercados emergentes da Capital Economics.
Expansão
Do lado da produção, os serviços — setor que responde por cerca de 70% da economia do país — cresceram apenas 0,1% entre julho e setembro, depois de altas de 1,0% e 0,3% nos dois primeiros trimestres do ano.
Na outra ponta, a agropecuária expandiu 0,4%, voltando a crescer após retração de 1,4% no segundo trimestre, mas bem abaixo da forte expansão de 16,4% registrada no início do ano.
A indústria, por sua vez, teve um desempenho positivo de 0,8%, mostrando melhora da atividade depois de crescer 0,2% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo.
Já do lado das despesas, o consumo das famílias desacelerou a 0,1%, após expansão de 0,6% em cada um dos dois primeiros trimestres, mostrando perda de fôlego mesmo diante de um mercado de trabalho aquecido e aumento da renda.