O presidente Kais Saied destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi e suspendeu os trabalhos do Parlamento por 30 dias no domingo, na esteira de uma nova jornada de protestos contra o governo por causa da crise econômica e da gestão da pandemia de covid-19.
Por Redação, com ANSA - de Tunes
Berço da Primavera Árabe, a Tunísia mergulhou neste fim de semana em uma crise política que coloca em risco sua ainda jovem democracia. O presidente Kais Saied destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi e suspendeu os trabalhos do Parlamento por 30 dias no domingo, na esteira de uma nova jornada de protestos contra o governo por causa da crise econômica e da gestão da pandemia de covid-19. Eleito presidente em 2019, Saied assumiu temporariamente as funções de chefe de governo, se apoiando em um artigo da Constituição que permite o congelamento dos trabalhos do Parlamento em caso de "perigo iminente". O presidente anunciou que nomeará um novo premiê para ajudá-lo a governar o país e que revogará a imunidade parlamentar dos deputados. Mechichi foi destituído no 64º aniversário de proclamação da República da Tunísia, ocasião em que milhares de cidadãos saíram às ruas para protestar contra a classe dirigente. Na capital Túnis, a decisão de Saied foi recebida com festa por parte dos manifestantes que protestavam contra o partido islâmico Ennahda, dono da maior bancada no Parlamento, e contra o primeiro-ministro. O Ennahda, no entanto, acusou o presidente de promover um "golpe" e prometeu "defender a revolução". Já Saied rebateu que "quem fala em golpe de Estado deveria ler a Constituição e voltar para a escola". "Fui paciente e sofri com o povo tunisiano", justificou. O presidente ainda diz ter informado previamente o chefe do Parlamento e líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, que nega. Veículos militares cercaram o prédio do Parlamento, e Saied determinou também o fechamento da sede local da emissora catariana Al Jazeera.