Rio de Janeiro, 23 de Dezembro de 2024

Presidente da Tunísia destitui premiê e suspende Parlamento

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Segunda, 26 de Julho de 2021 às 08:34, por: CdB

O presidente Kais Saied destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi e suspendeu os trabalhos do Parlamento por 30 dias no domingo, na esteira de uma nova jornada de protestos contra o governo por causa da crise econômica e da gestão da pandemia de covid-19.

Por Redação, com ANSA - de Tunes

Berço da Primavera Árabe, a Tunísia mergulhou neste fim de semana em uma crise política que coloca em risco sua ainda jovem democracia.
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Manifestante comemora destituição de premiê no topo do Parlamento, em Túnis
O presidente Kais Saied destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi e suspendeu os trabalhos do Parlamento por 30 dias no domingo, na esteira de uma nova jornada de protestos contra o governo por causa da crise econômica e da gestão da pandemia de covid-19. Eleito presidente em 2019, Saied assumiu temporariamente as funções de chefe de governo, se apoiando em um artigo da Constituição que permite o congelamento dos trabalhos do Parlamento em caso de "perigo iminente". O presidente anunciou que nomeará um novo premiê para ajudá-lo a governar o país e que revogará a imunidade parlamentar dos deputados. Mechichi foi destituído no 64º aniversário de proclamação da República da Tunísia, ocasião em que milhares de cidadãos saíram às ruas para protestar contra a classe dirigente. Na capital Túnis, a decisão de Saied foi recebida com festa por parte dos manifestantes que protestavam contra o partido islâmico Ennahda, dono da maior bancada no Parlamento, e contra o primeiro-ministro. O Ennahda, no entanto, acusou o presidente de promover um "golpe" e prometeu "defender a revolução". Já Saied rebateu que "quem fala em golpe de Estado deveria ler a Constituição e voltar para a escola". "Fui paciente e sofri com o povo tunisiano", justificou. O presidente ainda diz ter informado previamente o chefe do Parlamento e líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, que nega. Veículos militares cercaram o prédio do Parlamento, e Saied determinou também o fechamento da sede local da emissora catariana Al Jazeera.

Primavera

Saied é apenas o segundo presidente eleito por voto universal na Tunísia, caso único de democracia, ainda que frágil e incipiente, entre os países que protagonizaram a Primavera Árabe. A onda de revoltas contra o autoritarismo e a pobreza no norte da África e no Oriente Médio começou justamente na Tunísia, em 17 de dezembro de 2010, quando o verdureiro Mohamed Bouazizi ateou fogo no próprio corpo para protestar contra a falta de trabalho e os abusos da polícia. Desde então, alguns países da Primavera Árabe, como Síria e Iêmen, continuam afundados em guerras, enquanto outros, como o Egito, voltaram a ter governos autoritários. Apesar de ter iniciado um percurso democrático, a Tunísia conviveu na última década com uma perene instabilidade política, que sempre bloqueou esforços para relançar a economia e fazer as reformas pedidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A fragmentada classe política jamais foi capaz de formar governos duradouros e eficazes, culminando na ruptura entre Saied e Mechichi.
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