Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Presidente, nas Nações Unidas, faz um discurso objetivo e contundente

Em discurso contundente na ONU, Lula reafirma a soberania do Brasil e critica sanções dos EUA, defendendo a democracia e o multilateralismo.

Terça, 23 de Setembro de 2025 às 18:42, por: CdB

Os comentários de Lula ecoaram suas críticas constantes ao presidente dos EUA, Donald Trump, por impor tarifas, restrições de visto e sanções financeiras ao Brasil em resposta ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por Redação, com Reuters – de Nova York, NY-EUA

Em um discurso objetivo e contundente de cerca de 15 minutos, na abertura da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou a tribuna para dizer que a soberania brasileira é inegociável e criticar ataques ao Judiciário e medidas unilaterais impostas ao país, em um recado ao governo dos Estados Unidos.

Presidente, nas Nações Unidas, faz um discurso objetivo e contundente | Lula fez um discurso breve, mas objetivo, contra os desmandos do presidente norte-americano
Lula fez um discurso breve, mas objetivo, contra os desmandos do presidente norte-americano

Os comentários de Lula ecoaram suas críticas constantes ao presidente dos EUA, Donald Trump, por impor tarifas, restrições de visto e sanções financeiras ao Brasil em resposta ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por planejar um golpe após perder a eleição de 2022.

— Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável — disse Lula, em recado direto aos Estados Unidos.

 

Defesa

Em outro recado ao governo norte-americano, que acusa o Brasil de “caça às bruxas” a Bolsonaro, Lula afirmou que o julgamento foi minucioso e com amplo processo de defesa.

— Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela — afirmou.

O anúncio das novas sanções, incluindo a aplicação da Lei Magnitsky à mulher do ministro do STF Alexandre de Moraes e a suspensão do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e auxiliares de Moraes, reforçou a necessidade de uma resposta dura.

— Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra — pontuou o presidente, logo no início de seu discurso.

 

Mundo plural

Em entrevista à agência inglesa de notícias Reuters, em agosto, Lula disse que não considerava uma conversa com o norte-americano, nem por telefone, porque não iria “se humilhar”, uma vez que Trump não queria conversar. A impressão agora, no entanto, é outra.

Lula ainda aproveitou o seu discurso para defender o multilateralismo e a necessidade de um mundo plural. Destacou a aliança do Brasil com os demais países do BRICS, e a União Europeia, países asiáticos e G20, e cobrou que a voz do “sul global” seja ouvida.

— Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas — concluiu.

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