Segundo o presidente, a renúncia do premiê Mario Draghi, que perdeu sua base de apoio no Parlamento, evidenciou a "falta de perspectiva para uma nova coalizão". As eleições ocorrerão cerca de seis meses antes do previsto, em um período do ano inédito para a Itália.
Por Redação, com ANSA - de Roma
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, assinou nesta quinta-feira o decreto que dissolve o Parlamento e convocou eleições antecipadas para 25 de setembro.
O documento foi sancionado após duas breves reuniões do chefe de Estado com os mandatários do Senado, Elisabetta Casellati, e da Câmara dos Deputados, Roberto Fico.
– Como comunicado oficialmente, assinei o decreto de dissolução para convocar novas eleições em até 70 dias, como previsto. A dissolução antecipada do Parlamento é sempre o último ato – afirmou Mattarella.
Segundo o presidente, a renúncia do premiê Mario Draghi, que perdeu sua base de apoio no Parlamento, evidenciou a "falta de perspectiva para uma nova coalizão".
As eleições ocorrerão cerca de seis meses antes do previsto, em um período do ano inédito para a Itália.
Desde que adotou o regime republicano, após a Segunda Guerra Mundial, o país nunca teve um pleito legislativo no segundo semestre, época geralmente dedicada às discussões da Lei Orçamentária para o ano seguinte.
– O Parlamento tem muitos compromissos importantes para concluir no interesse do país – disse Mattarella, em um apelo para os partidos não obstruírem a tramitação de temas importantes, como o próprio orçamento e o Plano Nacional de Retomada e Resiliência (PNRR), projeto para utilizar os 191,5 bilhões de euros destinados à Itália pelo fundo da União Europeia para o pós-pandemia.
O governo Draghi já cumpriu metas referentes a 45 iniciativas, etapa necessária para receber um repasse de 24 bilhões de euros da União Europeia. No entanto, o país terá de apresentar resultados em mais 55 projetos até o fim do ano para embolsar uma nova parcela.
– O governo está limitado em suas atividades, mas tem os instrumentos para operar antes da chegada do novo Executivo. Não é possível fazer paralisações no momento que estamos atravessando. Desejo que, apesar da intensa campanha eleitoral, todos deem uma contribuição positiva no interesse da Itália – declarou.
Crise
No poder desde fevereiro de 2021, Draghi renunciou após ter perdido sua base de apoio no Parlamento, mas seguirá no cargo para cuidar de assuntos correntes até a designação de um sucessor.
Os pivôs da crise são o partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que cobrava do premiê um maior compromisso com políticas sociais, a ultranacionalista Liga e o conservador Força Itália (FI), que exigiam a saída do M5S da coalizão de união nacional.
As três legendas boicotaram um voto de confiança no Senado na quarta-feira e determinaram o fim do governo do ex-presidente do Banco Central Europeu, que ainda não confirmou se pretende se candidatar a algum cargo nas próximas eleições.
– Devemos estar muito orgulhosos pelo trabalho que fizemos. A Itália tem tudo para ser forte, respeitável e confiável no mundo – disse Draghi durante uma reunião do Conselho dos Ministros.
– Levarei comigo lembranças muito belas dessas reuniões, das trocas que tive individualmente com vocês. Haverá tempo para as despedidas, agora vamos voltar ao trabalho – acrescentou.