Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Presidente do BC causa polêmica sobre privatizar a gestão das reservas

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Sexta, 21 de Julho de 2023 às 17:08, por: CdB

O presidente do BC ressaltou, ainda, que a terceirização teria de levar em conta princípios hoje adotados pela autarquia: preservação de capital, governança e sustentabilidade.


Por Redação - de Brasília

Presidente do Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto afirmou nesta sexta-feira, em uma entrevista concedida ao banco de investimentos estrangeiro BlackRock, que está disposto a terceirizar a gestão das reservas cambiais brasileiras. O país tem US$ 380 bilhões em reservas – cerca de R$ 1,8 bilhão –, que são usadas para aliviar a alta do dólar, por exemplo.

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Presidente do Banco Central, o economista Campos Neto tem mandato no cargo até 2024


Essas reservas são hoje administradas pelo BC, que se tornou autônomo no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Campos Neto, indicado por Bolsonaro, cogita transferir essa responsabilidade a terceiros.

— A gente está aberto a essa terceirização, gestão externa vamos dizer... Hoje a grande parte da gestão não é terceirizada, mas a gente está aberto a fazer isso nessa área, principalmente, porque a gente está olhando agora para novas classes de ativos — afirmou.

Sinergia


Nessa terceirização, uma empresa como a própria BlackRock definiria onde seriam investidas as reservas nacionais. Campos Neto disse que o BC poderia aprender com a gestora terceirizada.

— A gente entendeu que alguns programas de gestão terceirizada a gente podia fazer dentro do BC, e isso ia gerar uma sinergia positiva, porque o pessoal da equipe operacional do Banco Central ia aprender sobre ativos e aprender sobre ativos ajuda muito a atividade do dia a dia do Banco — acrescentou.

O presidente do BC ressaltou, ainda, que a terceirização teria de levar em conta princípios hoje adotados pela autarquia: preservação de capital, governança e sustentabilidade.

Protestos e críticas


A ideia de Campos Neto foi duramente criticada por parlamentares do PT. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido, questionou o que seria feito com os recursos que pertencem ao Estado.

"Campos Neto, responsável pelo Brasil ter o maior juro do planeta, agora quer terceirizar ativos do BC. É isso, tirar do Estado e deixar ao bel prazer do mercado. E o que acontece com as reservas de US$ 340 bilhões?", declarou Gleisi, em nota nas redes sociais em que pede, ainda, a saída de Campos Neto do BC.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também acusou Campos Neto de sabotagem.

Juros


"Na mesma semana em que tentou censurar os diretores do BC, ele aparece em entrevista à BlackRock dizendo que planeja dar a gestores privados a administração das reservas internacionais do Brasil", postou, lembrando que um novo diretor do BC indicado por Lula não pôde conceder entrevistas por normas editadas por Campos Neto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, também critica abertamente a gestão de Campos Neto no BC por conta da alta taxa básica de juros da economia. A Selic está hoje em 13,75% ao ano, a maior do mundo, o que atrapalha o crescimento da economia, segundo o líder brasileiro.

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