Ao anunciar plano de segurança, prefeitura informa que gasta R$ 130 milhões por ano em cirurgias devido a acidentes de trânsito.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, nesta sexta-feira, um novo plano de segurança viária com foco na redução de acidentes envolvendo motociclistas, categoria responsável pela maioria das vítimas do trânsito na capital.

Entre as medidas, estão o limite de velocidade de 60 km/h para motos em toda a cidade, a criação de motofaixas e a proibição da circulação desses veículos em pistas centrais de vias expressas.
O prefeito Eduardo Paes afirmou que o plano é uma resposta à alta taxa de mortalidade no trânsito: “É inaceitável que nós assistamos a um genocídio de motociclistas sem tomar uma atitude”, declarou. Em 2024, o Rio registrou o maior número de mortes no trânsito desde 2008, com 723 vítimas, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Só nos primeiros três meses deste ano, foram 185 óbitos.
Quase 70% dos acidentes envolvem motos
A Secretaria Municipal de Saúde aponta que 69% dos acidentes de trânsito registrados entre janeiro de 2023 e abril de 2025 envolveram motos. Segundo o secretário Daniel Soranz, o impacto desses acidentes vai além das estatísticas. “Se somarmos acidentes de automóvel, de bicicleta e com pedestres, não chega ao número de acidentes com motocicletas. O acidente com motocicletas é o nosso principal problema de saúde pública hoje, o principal problema de trânsito na cidade”, afirmou.
O perfil das vítimas também revela vulnerabilidades sociais: entre os motociclistas mortos em 2024, 76% eram homens, 42% tinham entre 20 e 39 anos, e 64% eram negros.
Novas regras nas vias e integração com apps
Como parte do plano, a partir de junho, motos serão proibidas de circular nas pistas centrais de vias como a Avenida Presidente Vargas, no Centro. A medida será estendida às avenidas Brasil e das Américas, onde os veículos de duas rodas só poderão utilizar as pistas laterais.
Outra frente de ação envolve os aplicativos de entrega e transporte por motos. Em reunião com a prefeitura, representantes desses serviços firmaram um protocolo de cooperação que inclui troca de informações e a possibilidade de descredenciamento de entregadores que desrespeitem as leis de trânsito.
Motofaixas: expansão e metas até 2028
A CET-Rio também anunciou a ampliação das motofaixas, com previsão de implantação de mais 50 km já nos próximos meses. Atualmente, a cidade conta com faixas exclusivas para motos na Avenida Rei Pelé e em São Conrado. O novo plano prevê faixas também na Avenida das Américas, Rua Mário Ribeiro, Avenida Borges de Medeiros e Avenida Epitácio Pessoa.
– A expansão vai pegar todo o eixo da Avenida das Américas, São Conrado e a Lagoa. Qualquer implantação desse tamanho não vai acontecer de uma vez, vai ter um período de adaptação. Começaremos pela Presidente Vargas com uma campanha de comunicação intensa pra gente poder fazer a implantação – afirmou Luiz Eduardo Oliveira, presidente da CET-Rio.
Até 2028, o plano visa entregar 300 km de motofaixas em toda a cidade, incluindo vias expressas como Linha Amarela, Linha Vermelha, e regiões da Grande Tijuca e Grande Méier.
A prefeitura reforça que o objetivo é preservar vidas e reduzir os gastos públicos com atendimento a acidentados. Atualmente, a rede pública gasta cerca de R$ 130 milhões por ano apenas com cirurgias de vítimas de acidentes com motocicletas.