Desde junho de 2024, o serviço é oferecido oficialmente apenas no Centro e na Zona Sul da cidade, com gestão da empresa russa Whoosh.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A prefeitura do Rio de Janeiro estuda ampliar o uso de patinetes elétricos compartilhados para bairros como a Tijuca, na Zona Norte, e a Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

A medida está sendo discutida com base em dados de um estudo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, que embasa uma consulta pública em andamento. A informação foi publicada originalmente pelo diário conservador carioca O Globo.
Desde junho de 2024, o serviço é oferecido oficialmente apenas no Centro e na Zona Sul da cidade, com gestão da empresa russa Whoosh. Segundo o levantamento da secretaria, 1,4 milhão de viagens foram realizadas nesse período, totalizando 3,6 milhões de quilômetros percorridos. A média de uso por trajeto é de 16 minutos, com 1.606 equipamentos disponíveis para locação.
Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, há uma demanda crescente em áreas ainda não contempladas: “Na Tijuca, a maior parte das bicicletas é utilizada por entregadores, o que reduz a oferta para o público geral. Já na Barra, os longos trajetos favorecem o uso das patinetes”.
Micromobilidade e praticidade
A engenheira de software Isabela Mayer, de 20 anos, é uma das usuárias frequentes. Ela explica por que prefere as patinetes ao transporte coletivo: “Em 15 minutos consigo ir da estação das barcas até meu escritório na Avenida Rio Branco. De ônibus ou VLT, esse tempo pode dobrar. É mais prático”.
Mateus Porto, engenheiro mecânico de 29 anos, também utiliza o equipamento diariamente, no trajeto entre a Praça Quinze e seu local de trabalho no Centro. “É mais rápido e barato do que usar o carro e pagar pedágio e combustível”, disse.
O levantamento identificou padrões distintos de uso conforme o bairro. No Centro, a maior movimentação ocorre durante os dias úteis, entre 9h e 14h e após as 19h. Já em Copacabana, a demanda se concentra nos fins de semana a partir das 11h, representando 35% das viagens da cidade.
Desafios urbanos e segurança
A expansão, porém, não é isenta de desafios. A coordenadora de Transporte Público do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), Aline Leite, destaca a necessidade de infraestrutura adequada: “É preciso criar rotas seguras. Muitas vias não estão preparadas para o uso de patinetes”.
O advogado Matheus Reis, de 29 anos, morador do Flamengo, relata obstáculos comuns: “Na Cinelândia, preciso desviar de desníveis causados pelas pedras portuguesas soltas. Falta manutenção”.
A segurança também preocupa. Segundo o Corpo de Bombeiros, 25 acidentes com patinetes foram registrados somente neste ano. A Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio cobra a regulamentação da lei municipal aprovada em 2024, que ainda depende de normas complementares. “A percepção geral é de aumento nos acidentes com ciclomotores, incluindo as patinetes”, alertou Viviane Zamperi, da comissão.
O CEO da Whoosh, José Ricardo Afonso, argumenta que o risco é baixo e que o serviço conta com mecanismos de controle. “Em aglomerações, a velocidade pode ser reduzida remotamente para até 12 km/h. Em 4,5 milhões de viagens no país, o seguro foi acionado apenas sete vezes”, afirmou.
Consulta pública e próximos passos
A consulta pública sobre a regulamentação do serviço segue aberta até domingo, pelo site https://www.sandboxrio.com.br/consulta_patineterio.html. A proposta da prefeitura prevê a criação de baias exclusivas para estacionamento das patinetes em vias públicas, semelhante ao que já existe para carros e motos.
Segundo Osmar Lima, não há prazo definido para a regulamentação final. “É provável que tenhamos baias devidamente sinalizadas, como já adotado em outros países com bons resultados de organização urbana”, afirmou.
A ideia é consolidar o serviço de patinetes elétricos como parte da rede de micromobilidade da cidade, articulando-o com outros modais de transporte e reduzindo os impactos ambientais e de trânsito. Mas, como alertam especialistas, essa evolução exige planejamento, infraestrutura adequada e educação no trânsito.