O homem trabalhava como técnico de som em uma boate e vivia com mulher e filha. Ele foi preso em casa, no bairro da Freguesia de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
Agentes da Polícia Federal cumpriram na manhã desta sexta-feira mandado de busca e apreensão de homem que compartilhava arquivos com cenas de abuso sexual de crianças e de adolescentes em rede internacional há cerca de um ano.
O homem trabalhava como técnico de som em uma boate e vivia com mulher e filha. Ele foi preso em casa, no bairro da Freguesia de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
Arquivos
Com ele, foi encontrado um notebook contendo inúmeros arquivos com cenas de violência sexual contra crianças, o que configura crime, com base no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), razão pela qual foi preso em flagrante.
Todos os equipamentos apreendidos serão encaminhados para a perícia técnica para aprofundamento das investigações.
Lei de Abuso de Autoridade
Um ato no Rio de Janeiro, reuniu, na quinta-feira, associações de juízes, promotores e policiais para pedir o veto integral do presidente Jair Bolsonaro à Lei do Abuso de Autoridade, aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada. O ato foi convocado pela Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas), e realizado em frente ao Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia.
O texto elenca cerca de 30 condutas que passam a ser tipificadas como crime, passíveis de detenção, entre elas, pedir a instauração de inquérito contra pessoa mesmo sem indícios da prática de crime, estender investigação de forma injustificada e decretar medida de privação de liberdade de forma expressamente contrária às situações previstas em lei.
O projeto aprovado divide opiniões no meio jurídico. Associações de magistrados e promotores são contrárias, mas o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil é favorável.
O juiz federal Eduardo André, primeiro-secretário da Associação dos Juízes Federais do Brasil, argumentou que cada categoria presente na manifestação teria sua atuação inibida por ao menos um artigo da lei, que ele afirma ter sido votada sem a discussão adequada.
– Esse projeto estava parado há dois anos e não há nenhum sentido em ser votado em regime de urgência, sem nenhuma discussão e nenhuma transparência com a sociedade – criticou.
A presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro, Renata Gil, disse que o projeto prejudica o combate ao crime e traz critérios subjetivos, que podem criminalizar o trabalho dos juízes. Renata GIl disse que a categoria não é contra modernizar a legislação sobre o tema, mas defendeu que casos de abuso de autoridade são a exceção, e não a regra no Judiciário.
– Fere de morte a independência judicial em um momento de enfrentamento às organizações criminosas e ao crime organizado, especialmente no estado do Rio de Janeiro.
O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região, Ronaldo Callado, disse que a atuação de juízes do trabalho também pode ser afetada pelo projeto. "O projeto contém expressões abertas que dão margem a muitas interpretações, como exacerbado, indevido, grave. Como definir exatamente o que significam essas palavras?", questionou. "Não somos a favor do abuso", acrescentou.
Equilíbrio
Para a Ordem dos Advogados do Brasil, a Lei de Abuso de Autoridade é equilibrada e não traz prejuízos ao combate à corrupção. A ordem divulgou uma nota pública na quarta-feira em que afirma que o projeto "inclui tema importante para a advocacia e para a garantia do direito de defesa do cidadão, que é a criminalização da violação das prerrogativas do advogado".
"Cabe destacar que a proposta aprovada pelo Congresso Nacional vale para todas as autoridades do nosso país, seja do Judiciário, do Executivo ou do Legislativo, e significa a subordinação de todos, inclusive dos mais poderosos, ao império da lei. Trata-se, portanto, de preservar e garantir o direito do cidadão diante de eventual abuso da força por um agente do Estado no exercício das suas funções", diz a OAB.
Em entrevista ao Revista Brasil, da Rádio Nacional, o jurista Yuri Sahione também defendeu que o projeto de lei trará maior equilíbrio ao exercício das funções públicas.
"Tem como mote central restaurar o senso de responsabilidade administrativa daquelas pessoas que exercem função relevante na administração da Justiça", disse, argumentando que muitas das praticas que vão se tornar crime já não são permitidas pela legislação, mas são descumpridas porque as sanções previstas não trazem consequências para os agentes públicos.