Rio de Janeiro, 26 de Abril de 2025

Plataforma mapeia áreas prioritárias para restauração de florestas

Descubra a Ciera, a nova plataforma da Conservação Internacional que usa inteligência artificial para mapear áreas prioritárias para a restauração de florestas no Brasil. Disponível gratuitamente em breve.

Domingo, 13 de Abril de 2025 às 11:57, por: CdB

A plataforma recebeu o nome de Ciera (sigla em inglês para Assistente de Restauração de Ecossistemas da Conservação Internacional) e será disponibilizada de forma gratuita no segundo semestre deste ano.

Por Redação, com ABr – de Brasília

Uma ferramenta desenvolvida pela organização não governamental (ONG) Conservação Internacional (CI) faz uso de inteligência artificial para identificar áreas prioritárias para restauração de vegetação nativa em todo o país. 

Plataforma mapeia áreas prioritárias para restauração de florestas | Ferramenta inova na interpretação automática de dados e informações
Ferramenta inova na interpretação automática de dados e informações

A plataforma recebeu o nome de Ciera (sigla em inglês para Assistente de Restauração de Ecossistemas da Conservação Internacional) e será disponibilizada de forma gratuita no segundo semestre deste ano.

Segundo a diretora de Restauração de Paisagens e Florestas da CI Brasil, Luciana Pugliese, a plataforma surge para atender a demanda por uma ferramenta capaz de integrar informações sobre o tema, como custo por bioma, incentivos e exigências legais. 

– A Ciera tem como objetivo tornar a restauração mais pública, mais compartilhada, para que todo mundo possa se apropriar dessa tomada de decisão do melhor local para restaurar – diz.

A iniciativa é resultado da colaboração internacional entre brasileiros e norte-americanos da CI, em parceria com universidades e empresas de tecnologia. A plataforma inova na interpretação automática de dados e informações disponíveis em múltiplas fontes e formatos.

Durante o desenvolvimento do Ciera, a equipe de cientistas integrou dados geoespaciais e informações contidas em políticas públicas e legislações brasileiras como, por exemplo, o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em outubro do ano passado, durante a 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP16), em Cali, na Colômbia.

A política reforça o objetivo pactuado pelo Brasil em acordos multilaterais de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030.

Dados do Observatório da Restauração e Reflorestamento revelam que o Brasil tem atualmente 153,14 mil hectares da cobertura vegetal original recuperada e 8,76 milhões de hectares reflorestados. Conforme estimativa do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), apenas para cumprir o Código Florestal (Lei 12.651/2012), o Brasil tem um passivo ambiental de 25 milhões de hectares de vegetação nativa que precisa ser recuperada.

Ciera

De acordo com Luciana, o Ciera é capaz de buscar entre documentos oficiais e informações qualificadas disponíveis na internet tudo que é necessário para criar uma base de conhecimentos para orientar o usuário, seja um proprietário de área rural ou um gestor público.

– Por exemplo, se um governo estadual tem interesse em fazer restauração de áreas onde há maior número de proprietários com déficit de APP [área de preservação permanente], reserva legal e descumprimento do Código Florestal, o Ciera permite que a gente faça essa análise e indique, então, onde estão as bacias ou os territórios mais viáveis para que se tenha o máximo de resultado em restauração – explica.

Além de identificar a área, a ferramenta aponta metodologia, as melhores espécies a serem plantadas, informações sobre custos e ajuda a esclarecer dúvidas que possam surgir ao longo da execução de um projeto.

– É aquele processo de machine learning, no qual a máquina vai aprendendo conforme se trazem mais possibilidades, mais informações e modelos que alimentem a ferramenta. Então, a ideia é continuar apoiando esse processo de aprendizado da máquina e que, conforme formos usando nos nossos próprios projetos e outras pessoas acessem, ela vai ficando cada vez mais precisa – detalha Luciana.

Recentemente, essa etapa de aperfeiçoamento ganhou um reforço após a plataforma ter vencido o desafio global Hack4Good 3.0, anunciado em março, na cidade de Seattle, nos Estados Unidos. O Ciera se destacou entre outras inovações de impacto positivo para o mundo.

– Em pelo menos mais de três meses, a gente estará com isso tudo consolidado e disponível para ser aplicado por proprietários de terra ou tomadores de decisão, de uma forma geral – reforça Luciana Pugliese.

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