Lula abordou a tensão entre ele e o presidente argentino de extrema-direita, na véspera, ao ressaltar a importância de uma relação respeitosa entre os dois países.
Por Redação – de Brasília
As relações diplomáticas entre Brasil e Argentina têm piorado, gradualmente, ao longo dos últimos meses e, nesta terça-feira, ficaram ainda mais desgastadas com o silêncio da Casa Rosada após o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrar, mais uma vez, um pedido formal de desculpas por parte do dirigente argentino autodenominado anarcocapitalista Javier Milei.
Lula abordou a tensão entre ele e o presidente argentino de extrema-direita, na véspera, ao ressaltar a importância de uma relação respeitosa entre os dois países. Lula enfatizou que Milei deveria se desculpar com os brasileiros por declarações anteriores. Para não deixar ainda pior o cenário, no entanto, o líder de centro-esquerda ressaltou que as relações entre os países vão além das figuras de seus líderes.
— Eu não escolho quem é o presidente da Argentina, não me preocupo com o discurso do presidente. Ele pode ser quem ele quiser. Eu só quero que ele tenha respeito pelo Brasil, da mesma forma que o Brasil tem respeito pela Argentina — pontuou Lula.
Fronteira
Aos jornalistas, em uma coletiva para correspondentes estrangeiros no Palácio da Alvorada, Lula explicou a relevância estratégica do entendimento entre os dois países.
— Se você não cuida da relação com aqueles que são seus vizinhos, que estão ligados por um cordão umbilical, que são nossos quase 16,7 mil quilômetros de fronteira seca, quem vai cuidar? — questionou.
Lula abordou também a importância das relações diplomáticas; para além das interações pessoais entre seus líderes.
— Não é uma relação pessoal, não é uma questão de amizade. Não existe isso entre dois chefes de Estado — lembrou.
Tranquilo
O presidente, no entanto, expressou tranquilidade quanto ao futuro das relações bilaterais, independentemente das atitudes de Milei, agressivas e inconsequentes, pois acredita que os interesses maiores dos povos de ambos os países prevalecerão.
A continuidade de uma relação civilizada e construtiva, no entanto, depende do comportamento do governo argentino em relação ao Brasil, ressaltou o presidente Lula.
— Estou muito tranquilo porque isso depende do que fazemos daqui para frente. Continuo tratando todos os países de forma soberana, sabendo que cada um tem um papel importante — pontuou Lula.
De costas
Ele repetiu em seguida que Milei terá que pedir desculpas ao Brasil antes que haja um diálogo entre os dois presidentes.
— Eu vejo que eu não tenho nenhum problema. Não tenho nenhum problema. Agora, é o seguinte, eu já falei isso, ele tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros. É assim que eu faço política internacional. Eu não falei com ele. Ele passou por mim na reunião do G7 e me cumprimentou. Eu estava até de costas. Eu estava conversando com o meu pessoal — avisou.
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Milei fez uma série de ataques a Lula durante sua campanha à Presidência da Argentina, chamando o brasileiro de comunista, ladrão e corrupto.
— Povo argentino vai julgá-lo — concluiu o líder brasileiro.