A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que a expectativa em geral ainda é de que a Selic termine este ano a 4,25%, mas para 2020 a conta caiu a 5,50%, de 5,75%. Entretanto, o Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, foi além e reduziu a estimativa para a taxa básica de juros em 2020 a 3,50%, de 4,25%, e para 2021 passou a ver 5,0%, de 5,75% antes.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Os analistas que atuam no mercado financeiro nacional passaram a ver crescimento econômico abaixo de 2% este ano enquanto o grupo que mais acerta as previsões reduziu a expectativa para a taxa básica de juros tanto neste ano quanto no próximo, de acordo com a pesquisa Focus que o Banco Central divulgou nesta segunda-feira.
O levantamento semanal apontou que a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 agora é de 1,99%, contra 2,17% antes. Para 2021, a conta permanece em alta de 2,50%.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que a expectativa em geral ainda é de que a Selic termine este ano a 4,25%, mas para 2020 a conta caiu a 5,50%, de 5,75%. Entretanto, o Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, foi além e reduziu a estimativa para a taxa básica de juros em 2020 a 3,50%, de 4,25%, e para 2021 passou a ver 5,0%, de 5,75% antes.
Coronavírus
O BC reduziu em fevereiro a Selic em 0,25 ponto percentual, para a nova mínima histórica de 4,25% ao ano. No início do mês, indicou novo corte ao afirmar que monitora atentamente os impactos do coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira.
Para a inflação, a estimativa de alta do IPCA este ano subiu 0,01 ponto percentual, a 3,20%, enquanto para 2021 continua em 3,75%.
Diante do quadro negativo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira que o coronavírus foi gota d’água para mundo que já estava em desaceleração econômica, e reafirmou que a resposta do país ao ambiente deve ser dada com a realização das reformas econômicas.
‘Tempestade’
Citando o crescimento de 1,7% do PIB no quarto trimestre sobre igual etapa de 2018, o ministro disse, ao chegar no Ministério da Economia, que o Brasil está em “plena reaceleração”.
— O mundo descendo e o Brasil começando a subir. Aí veio o coronavírus. Isso agudiza a crise. Qual a minha resposta a isso? Temos que manter absoluta serenidade e a melhor resposta à crise são as reformas. O coronavírus está sendo só a gota d’água porque o mundo já estava desacelerando e o coronavírus na verdade virou uma pandemia que acelerou essa queda da economia mundial — avaliou o ministro.
Para o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Cláudio Couto, no entanto, a “tempestade” no cenário econômico mundial que parece ter caído nesta segunda-feira será um teste decisivo, que pode arrasar com o ministro da Economia. Os mercados mundiais foram tomados por pânico nesta segunda-feira, por conta do alastramento da ameaça de epidemia do coronavírus e pela queda brutal no preço internacional do petróleo.
Camelô
Ainda durante a madrugada do domingo, quando as bolsas asiáticas começaram a operar, o preço do óleo cru caiu até 31% – maior tombo desde a Guerra do Golfo (1990-91). Na sequência, a Bolsa de Nova York, ativou o chamado circuit break, paralisando as atividades, depois que o índice Dow Jones caiu mais de 10% nesta segunda-feira.
— Antes mesmo da eleição, dizia-se que Guedes parecia aqueles guarda-chuvas de camelô, que dificilmente resistem à primeira tempestade. Pelo jeito, a tempestade está chegando — acrescentou o catedrático.
A situação é agravada, segundo Couto, porque o governo Bolsonaro é “produtor de crises”, que se somam à própria “personalidade instável” do ministro.
— Há poucos dias, vimos que o presidente estava insatisfeito com a baixa taxa de crescimento do PIB, que ficou em 1,1%. Agora tudo tende a piorar. A questão é saber se, apesar de parecer ser um guarda-chuva de camelô, Guedes vai resistir – sobretudo sabendo como ele é usado pelo seu dono, que não toma muito cuidado com as suas atitudes e com aquilo que vale para a economia — completou o cientista político.