Ainda segundo o presidente, “a descoberta do pré-sal foi resultado de bilhões e bilhões de investimentos. Não fosse assim, ela não tinha virado a potência que virou, e é por isso que eles estão tentando destruí-la para vender as coisas", disse Lula.
Por Redação - de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira, durante discurso sobre os 100 primeiros dias de governo, que a Petrobras passará a financiar pesquisas sobre energias renováveis com o objetivo de mudar a matriz energética nacional. Ele também disse que o desmonte da estatal está ligado à descoberta do pré-sal e criticou a política de privatizações dos governos MIchel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL)
— Preste atenção, ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira), para o que eu vou falar agora. A Petrobras financiará a pesquisa para novos combustíveis renováveis. Ao mesmo tempo, retomará o papel protagonista nos investimentos, ampliando a frota de navios da Transpetro e gerando emprego em nossos estaleiros. É importante vocês, companheiros ministros, saberem o que eu penso. Eu nunca achei a Petrobras uma empresa de petróleo. A Petrobras sempre foi mais do que isso, é uma empresa de energia, que historicamente mais investiu em pesquisa nesse país, que mais investiu em inovação — afirmou Lula.
Ainda segundo o presidente, “a descoberta do pré-sal foi resultado de bilhões e bilhões de investimentos. Não fosse assim, ela não tinha virado a potência que virou, e é por isso que eles estão tentando destruí-la para vender as coisas. O pré-sal foi resultado de bilhões de investimentos, e por isso eles estão tentando destruí-la”.
— Vocês sabem que nós tomamos uma decisão, o ministro fez uma carta ao Conselho, tinha 44 empresas colocadas à disposição para vender, seis já estavam assinadas, nós conseguimos suspender 38 empresas que estavam para ser vendidas. Parou. Inclusive os trabalhadores dos Correios ficaram muito satisfeitos dos Correios não ser mais privatizado — acrescentou.
Repercussão
O discurso do presidente ocorre no momento em que o Banco Safra, em um relatório, divulga suas principais escolhas para 2023 no setor de energia. São elas a Engie, a Equatorial e a Alupar. Os analistas destacam que essas são companhias “defensivas” e de “alta qualidade” com boa alocação de capital e resiliência de balanço, em um segmento de energia limpa.
Já as preferências secundárias do banco são: CPFL), Energisa, Eneva, Energias do Brasil e Neoenergia. Para o Safra, essas empresas apresentam a maioria das qualidades que busca nas blue chips, em bons pontos de entrada. Com relação à Copel, a equipe de analistas destaca como uma opção para quem busca ações expostas aos gatilhos da privatização.
A avaliação é que as geradoras em 2023 se beneficiarão de um cenário hidrológico favorável, mas os preços da energia estão pressionados por dois fatores: forte hidrologia e excesso de oferta de energia. “Empresas com alto perfil de contratação de energia e balanço mais forte, como Engie e Auren, estão mais bem posicionadas para navegar nesse cenário”, escreve o time de analistas.
Leilões
Em transmissão, a Safra salienta que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá realizar dois ou três leilões de transmissão com menor concorrência devido a taxas de juros mais altas, o que pode beneficiar grandes players do setor.
O banco salienta que a CTEEP – Transmissão Paulista e outras empresas podem ser impactadas negativamente pelo recálculo da RBSE proposto pela Aneel em 2022.
O Safra rebaixou a AES Brasil e Auren para “neutro” (antes a recomendação era “compra”) principalmente em valuation, uma vez que seus analistas avaliam que existem opções no mercado com “gatilhos mais claros” para reclassificação.