Com Lula em alta nas pesquisas e oposição endurecendo no Congresso, a disputa eleitoral já se antecipa em clima de pré-campanha para 2026.
Por Luciano Siqueira – de Brasília
No Brasil sempre foi assim: batalhas eleitorais se travam muito antes da data prevista, por iniciativa dos prováveis contendores.

A menos de um ano da próxima eleição geral, quando estarão em disputa a presidência da República, dois terços do Senado, a Câmara, governos estaduais e Assembleias Legislativas, os times entram em campo muito antes da hora prevista, mesmo que ainda quase ignorados pelas torcidas…
No que se refere à disputa presidencial, dois dados recentes têm relevância: pesquisas aparentemente consolidam tendência crescente na aprovação do governo Lula e em relação à hipótese da reeleição do presidente; e, concomitantemente, o acirramento do conflito no parlamento federal.
A mais recente pesquisa Genial-Quaest confirma a liderança de Lula e a expectativa de que venceria todos os prováveis adversários num eventual segundo turno.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, supostamente preferido por forças de centro-direita e extrema direita e pelo poderoso “mercado”, na pesquisa anterior perderia para Lula por uma margem de 8 pontos e agora por 12 pontos.
Especula-se na grande mídia que o desempenho de Lula e a aprovação do governo teriam relação direta com a mudança na comunicação oficial.
Certamente sim, mas não só nem principalmente por isso.
Visibilidade do governo
A visibilidade do governo com tonalidade positiva decorre principalmente da mudança de postura do presidente, que ultrapassou o que tenho chamado “economicismo governamental” — o discurso meramente administrativo — quando, movido sobretudo pelo tarifaço de Trump, levantou a bandeira da soberania nacional e da democracia, demarcando campos com as ameaças externas, o centro-direita e a extrema direita, o complexo midiático dominante e o poderoso capital financeiro, que sabota o governo por muitas vias.
Esse enredo possibilita a sensibilização de amplos setores da sociedade, para além de interesses corporativos imediatos. As manifestações públicas ocorridas no domingo 21 de setembro o comprovam.
A recente rejeição da Medida Provisória contendo alternativas ao momento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pela maioria oposicionista, sob o argumento de que reforçaria o caixa federal em 2026, é parte desse cenário.
O governo responderá com o contingenciamento de cerca de 7 a 10 bilhões de emendas parlamentares.
O presidente Lula de pronto caracterizou a derrota como “do povo brasileiro”, que vê assim retardadas medidas destinadas à correção de injustiças do sistema tributário.
Portanto, governo e oposição agem com “um olho na reza e o outro no padre”, como dizemos nós os nordestinos. Travam cada batalha imediata buscando o acúmulo de forças para o grande confronto de 2026.
Luciano Siqueira, é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.
As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil