Total de requerentes de proteção no país aumentou 6% em relação a 2017. Maioria dos pedidos foi apresentada por cidadãos da Síria, Iraque e Afeganistão.
Por Redação, com ABr e DW - de Berlim
O número de requerentes de refúgio na Alemanha aumentou 6% em 2018 em relação ao ano anterior, chegando a 1,8 milhão de pessoas, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis).
Dos solicitantes de refúgio, 1,3 milhão tiveram o pedido de proteção reconhecido pelo governo e receberam um visto de residência humanitária, a maioria (79%), porém, é temporária.
Os outros pedidos ainda estão sendo analisados. Somente os pedidos concedidos já ultrapassam em 129 mil as solicitações aceitas em 2017.
Segundo o Departamento alemão de Registro de Estrangeiros, entre os requerentes de refúgio 101.600 pessoas procuravam proteção por razões humanitárias. Esse número é 5% maior do que o registrado no ano anterior.
A maioria dos solicitantes de proteção (71%) foram para a Alemanha pela primeira vez durante os últimos cinco anos. Cidadãos da Síria (526 mil), Iraque (138 mil) e Afeganistão (131 mil) representam 62% dos requerentes de refúgio.
Pedidos negados
O relatório mostrou ainda que 192 mil pedidos de refúgio foram negados pela Alemanha, um aumento de 15 mil em comparação com 2017.
Entre os principais países de origem de solicitantes que tiveram o pedido negado estão Afeganistão (19 mil), Iraque (14 mil) e Sérvia (11 mil).
Os dados indicaram também uma queda, pelo terceiro ano consecutivo, no número de cidadãos dos países dos Balcãs que pediram refúgio na Alemanha, passando de 68 mil em 2015 para 42 mil em 2018.
Merkel se solidariza com deputadas
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, condenou nesta sexta-feira declarações consideradas racistas feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação a um grupo de congressistas democratas nos EUA.
Em sua tradicional conferência de imprensa anual em Berlim, Merkel buscou se distanciar de Trump no que diz respeito aos comentários, direcionados a quatro mulheres do Partido Democrata, cujas origens remetem a países estrangeiros.
– Eu decididamente me distancio [dos ataques] e me solidarizo com as as três mulheres atacadas – disse a chanceler, cometendo um equívoco quanto ao número de congressistas atacadas por Trump, que seriam quatro.
Merkel disse que o que torna os EUA um país especial é o fato de que "pessoas de diferentes nacionalidades contribuíram para a força do povo norte-americano". Ela avaliou que os comentários de Trump são contrários a esses valores, também defendidos por ela.
Nos últimos dias, Trump lançou uma série de ataques, afirmando que congressistas teriam vindo de lugares onde os governos seriam "os piores, os mais corruptos e ineptos em qualquer parte do mundo" e que elas deveriam voltar a esses países.
Ele se referia a um grupo de democratas apelidado de "o esquadrão", formado por Alexandria Ocasio-Cortez, eleita por Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.
Preocupações
Na coletiva de imprensa, Merkel também tentou afastar preocupações quanto à sua saúde, dizendo compreender os repetidos questionamentos a esse respeito após ter sofrido tremores em frente às câmeras em três ocasiões.
Ela disse entender que haja perguntas sobre sua saúde e assegurou que permanece apta a exercer a função de chefe de governo. "Como pessoa, também tenho grande interesse em minha saúde", afirmou.
A chanceler deixará a política em 2021, quando se encerrará o seu quarto mandato. Ela, que acaba de completar 65 anos, está à frente do governo alemão desde 2005. "Espero que haja ainda uma outra vida (após a política). E espero estar saudável", disse.