Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Parlamento da Rússia ratifica anexação de regiões da Ucrânia

Câmara alta aprova por unanimidade medida que viola direito internacional. Tratados assinados por Putin preveem russo como língua oficial e rublo como moeda nas províncias ocupadas por tropas russas.

Terça, 04 de Outubro de 2022 às 10:35, por: CdB

Câmara alta aprova por unanimidade medida que viola direito internacional. Tratados assinados por Putin preveem russo como língua oficial e rublo como moeda nas províncias ocupadas por tropas russas.

Por Redação, com DW - de Moscou

A câmara alta do Parlamento russo ratificou nesta terça-feira por unanimidade os tratados para anexar quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas pelas forças russas. Moscou pretende anexar ilegalmente Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson. Os documentos foram assinados pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, na semana passada.
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Câmara alta aprova por unanimidade medida que viola direito internacional
A anexação se baseia emcontroversos referendos realizados nessas regiões. Há indícios de que eles ocorreram sob ameaça de violência e intimidação. Autoridades russas chegaram a levar urnas de casa em casa, no que a Ucrânia e o Ocidente afirmam ser um exercício ilegítimo e coercitivo para criar um pretexto legal para a anexação dos territórios. Os tratados foram apresentados aos senadores pelo ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov. Ele afirmou que a falta de reconhecimento do Ocidente "não importa" e que a anexação de territórios da Ucrânia se "trata de uma nova realidade". Além da câmara alta, os tratados foram aprovados pelo Tribunal Constitucional do país e ratificados nesta segunda-feira pela Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Não houve debate sobre a ratificação. Agora eles seguem para promulgação por Putin para entrarem em vigor. Os tratados estabelecem o russo como a língua oficial das regiões anexadas ilegalmente, além do rublo como nova moeda. É previsto ainda um período transitório até 2026. As quatro regiões representam cerca de 15% do território da Ucrânia, e abrangem aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados, uma área um pouco maior do que a de países como a Hungria e Portugal.

As regiões ocupadas

As regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, têm sido apoiadas por Moscou desde que declararam independência em 2014, semanas após a anexação da Península da Crimeia. Já Kherson e parte da vizinha Zaporíjia, no sul, foram capturadas pela Rússia logo após Putin ter enviado suas tropas para a Ucrânia em 24 de fevereiro. Após perder parte de seus territórios ocupados durante uma bem-sucedida contraofensiva ucraniana neste mês, Putin e seus militares advertiram abertamente Kiev contra a realização de novos ataques, dizendo que a Rússia encararia isso como um ato de agressão – ameaças que Moscou pode sustentar com o maior arsenal de ogivas nucleares do mundo. Os pseudorreferendos organizados pelo Kremlin foram uma tentativa de Putin de evitar mais derrotas nos campos de batalha, o que poderia ameaçar seus 22 anos no poder. Observadores afirmam que, ao anexar regiões ucranianas, Putin aparentemente espera assustar Kiev e seus aliados ocidentais com a perspectiva de um conflito cada vez mais escalonado, a menos que eles recuem, o que eles não mostram sinais de fazer.
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