As eleições nos EUA refletem a crise do sistema e a ascensão do neofascismo, enquanto forças progressistas buscam alternativas para transformar uma sociedade global.
Por Luciano Siqueira – de Brasília
Natural que repercuta no mundo inteiro, nas mais diversas esferas, o resultado da eleição presidencial norte-norte-americana. Trata-se da maior superpotência no cenário geopolítico, ainda que exibindo continuadamente sinais de decadência.
Os discursos de Donald Trump e da sua oponente Kamala Harris na essência não expressam diferenças significativas de qualidade.
Mas o candidato vitorioso se diferenciou em grande parte pelo caráter neofacista no seu discurso.
E se é possível, no contraditório e questionável sistema eleitoral norte-americano, ao cidadão comum vislumbrar no seu voto alguma contribuição para mudar a situação concreta em que está mergulhado, predominou a ausência de alternativas reais.
Este é um entre muitos indícios que sinalizam fortemente a natureza carcomida da sociedade norte-americana.
Mais do que isso, os impasses no sistema capitalista imperante no mundo, que nada mais tem a oferecer à Humanidade além da ultra concentração da produção, da renda e da riqueza e o permanente estímulo à guerra e conflitos regionais, alimentados por uma indústria armamentista cujo desempenho é indispensável à própria economia interna dos Estados Unidos.
Decadência norte-americana
Em contrapartida, além de compreender as razões da decadência norte-americana, cabe às forças revolucionárias e progressistas mundo afora avançarem na tentativa de deslindar, de modo consequente, contradições que se interpõem à necessidade objetiva de um novo ciclo de transformações na sociedade humana.
Em outras palavras, é preciso dar um passo adiante no que se tem chamado a nova luta pelo socialismo.
Não tem sido fácil. É uma empreitada de complexas implicações teóricas e políticas de médio e longo prazo e de desafios na busca de alternativas que, embora possam se inspirar na experiência acumulada, trazem em si elementos essenciais absolutamente inovadores.
Uma prolongada peleja teórica e prática que ainda não produziu, no plano subjetivo, um feixe de respostas que permitam o pleno enfrentamento do neofascismo ascendente, do qual faz parte, a seu modo, Donald Trump (no posto de comando) e a parte do stablishment norte-americano a ele vinculado.
Luciano Siqueira, é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.
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