A China foi um dos primeiros países a reconhecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Estado da Palestina. Este ano, os países comemoram o 35º aniversário do estabelecimento das relações.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, viajou à China pela quinta vez em seu mandato. A visita de Estado durou quatro dias e teve como resultado o estabelecimento de uma parceria estratégica entre os dois países.
Abbas foi o primeiro chefe de Estado árabe a ser recebido pela China este ano, o que foi visto no país asiático como um sinal da importância que o governo de Xi Jinping atribui à Palestina.
Como em vezes anteriores, o presidente chinês defendeu a criação de um Estado palestino independente com base nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital.
A China foi um dos primeiros países a reconhecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Estado da Palestina. Este ano, os países comemoram o 35º aniversário do estabelecimento das relações.
O embaixador palestino na China, Fariz Mehdawi, falou sobre a importância do novo tipo de relação entre os dois países. "Com a China como ela é, onde ela se encontra como a segunda maior economia do mundo, como uma verdadeira superpotência, membro do Conselho de Segurança, para nós na Palestina isso significa muito, especialmente porque a Palestina está em uma região onde estamos cercados por todos os nossos irmãos árabes no Oriente Médio que têm, a propósito, uma relação muito excelente com a China. Portanto, essa é realmente a importância de elevar nossa relação para esse nível de Parceria Estratégica", disse o embaixador.
Historicamente, a China tem defendido que a Palestina se torne um Estado membro pleno das Nações Unidas. Além do estabelecimento do Estado palestino independente, Xi incluiu mais dois pontos em uma proposta para a solução da questão palestina.
Ajuda humanitária
Por um lado, atender as necessidades econômicas e de subsistência da Palestina. O presidente chinês afirmou que a comunidade internacional precisa intensificar a assistência ao desenvolvimento, assim como a ajuda humanitária ao país do Oriente Médio. E por outro, o presidente chinês propôs que seja convocada uma conferência de paz internacional em larga escala, com autoridade e influência para criar condições para a retomada das negociações de paz.
O integrante do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina, Wasel Abu Youssef, reconheceu a importância da proposta de três pontos, em conversa com a CGTN. "Esses três mecanismos sobre os quais o presidente chinês falou vão na direção certa. Nós valorizamos muito a posição da China, e como povo palestino, entendemos a importância da postura de apoio à nossa luta pela liberdade do povo palestino. Por isso agradecemos à China. Por receber calorosamente o presidente Mahmoud Abbas, e discutir questões políticas, humanitárias, entre outras."
Já Mehdawi destaca a importância de que a China defenda o que tem sido acordado no âmbito da ONU. "A China acredita que a solução para a crise que temos, especialmente em relação à causa palestina, baseia-se na legitimidade internacional. Quando falamos sobre os parâmetros da solução, é exatamente o que a comunidade internacional endossa no sistema da ONU. Isso é muito importante porque, infelizmente, os Estados Unidos não vão tão longe. Por exemplo, os Estados Unidos transferiram sua embaixada para Jerusalém Oriental, o que é totalmente inaceitável e não está de acordo com o que é legítimo internacionalmente. Enquanto a China adota sua posição exatamente como deve ser, a qual está de acordo com a Resolução 242 da Organização das Nações Unidas, que ocorreu após a guerra de 1967. Essa é a principal diferença entre os dois lados".
Cooperação na construção
A declaração conjunta entre os dois países também incluiu aspectos econômicos, como a cooperação na construção da Nova Rota da Seda e o uso pleno do mecanismo da Comissão Conjunta China-Palestina sobre Comércio.
A porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Shu Jueting, afirmou que o governo está disposto a agilizar o processo de negociação de um Acordo de Livre Comércio China-Palestina, assim como a aprimorar o comércio bilateral e a cooperação em investimentos.
– Nessas circunstâncias em que estamos vivendo na Palestina, que são anormais; não se trata de um país comum. Estamos falando de um país que, na verdade, está sob ocupação. O que estamos demandando, e no que nossos amigos podem nos ajudar, realmente está diretamente relacionado às nossas prioridades. Qual é a nossa prioridade? Nossa prioridade é sermos independentes e criar empregos para nosso povo. Assim, no próximo mês, ou nas próximas semanas, uma delegação chinesa irá à Palestina para discutir com todas as instituições relevantes, empresas, entre outros, para discutir realmente como vamos implementar isso. Porque oferecemos uma série de projetos que já foram aprovados, mas agora precisamos ver os aspectos técnicos e como vamos implementá-los na prática – explicou o embaixador palestino na China.