O plano intermediário de May, que propõe manter laços comerciais estreitos com a UE no futuro, está sendo contestado por defensores do Brexit, por políticos pró-UE, pelo partido da Irlanda do Norte que sustenta seu governo e até por alguns de seus próprios ministros.
Por Redação, com Reuters - de Londres
A estratégia da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, para o Brexit foi atacada de todos os lados nesta segunda-feira, o que aumenta o risco de o plano do governo para a desfiliação da União Europeia ser rejeitado no Parlamento, forçando o país a uma caótica separação sem acordo. Faltando menos de cinco meses para a desfiliação do dia 29 de março, os negociadores ainda discutem um plano B para a fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte, administrada pelo Reino Unido, e a Irlanda, membro do bloco, caso não haja acordo. O plano intermediário de May, que propõe manter laços comerciais estreitos com a UE no futuro, está sendo contestado por defensores do Brexit, por políticos pró-UE, pelo partido da Irlanda do Norte que sustenta seu governo e até por alguns de seus próprios ministros. – Acho que é o pior de todos os mundos – disse Justine Greening, ex-ministra da Educação, à rádio BBC, acrescentando que não vê nenhuma chance de o plano ser aprovado pelo Parlamento.Regras
– Ele nos deixa com menos influência, menos controles das regras que temos que seguir - disse Justine, que apoiou a permanência no bloco no referendo do Brexit em 2016. Também nesta segunda-feira, em Bruxelas, o negociador-chefe da UE para o Brexit disse a ministros dos outros 27 países-membros que está esperando May sinalizar que garantiu votos suficientes para aprovar o acordo no Parlamento. Fontes da UE dizem que, se esse sinal não chegar até o final de quarta-feira, uma cúpula especial do bloco para chancelar o acordo do Brexit não acontecerá em novembro. Agora os observadores do Brexit em Bruxelas contemplam o final de semana de 24 e 25 de novembro para uma possível cúpula no caso de um avanço.Partido de May
A menos de cinco meses de o Reino Unido se desfiliar da União Europeia, os parlamentares responsáveis por contabilizar os votos no partido da primeira-ministra britânica, Theresa May, estão em plena ação.
Encarregados de fazer com que o Parlamento apóie qualquer acordo do Brexit que May acerte com Bruxelas, por ora eles estão adotando uma abordagem suave — mas seu chefe, Julian Smith, e sua equipe têm um arsenal poderoso ao seu dispor para colocar os políticos na linha.
Como é mais provável que um acordo seja apresentado aos parlamentares no final deste ano, a equipe de May e os arregimentadores de votos que ela nomeou estão sondando discretamente quem pode votar contra o pacto, disseram vários políticos à Reuters.
Na falta de uma maioria parlamentar, May ficará refém não somente de seu Partido Conservador profundamente dividido, mas também do partido da Irlanda do Norte que sustenta seu governo.
A tarefa nunca prometeu ser fácil, mas parece ainda mais difícil desde a renúncia de Jo Johnson, ministro dos Transportes e irmão de Boris Johnson, defensor firme do Brexit. Também existem indícios de que outros membros do governo podem tomar o mesmo rumo e de que pode surgir uma rebelião no norte-irlandês Partido Unionista Democrático.
Até agora a tática dos arregimentadores de votos não pareceu surtir efeito.
Alguns conservadores eurocéticos têm sido cortejados para serem persuadidos a apoiar o governo, inclusive no escritório de May em Downing Street.
Outros, inclusive alguns membros do opositor Partido Trabalhista, têm sido convidados para reuniões particulares nas quais foram indagados sobre suas opiniões e submetidos a longas explicações da posição da premiê.
– Não mudarei de ideia, não importa quão bom possa ser o jantar – disse um parlamentar conservador sob condição de anonimato, explicando que recusou três convites de Downing Street para tal ocasião.
– Está claro que eles estão tentando selecionar pessoas que acreditam poderem ser maleáveis... mas francamente, em primeiro lugar, antes que eles cheguem a este ponto, deveriam ser capazes de explicar o que o governo fará, e até o momento ninguém faz ideia.