O calor intenso em várias partes do país neste mês tem levado a recordes de carga instantânea no sistema elétrico. Nesta semana, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que consome a maior parte da energia produzida no país, alcançou recorde de demanda máxima.
Por Redação – de Brasília
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a elevar sua projeção para a carga de energia no Brasil em fevereiro, ao projetar agora alta de 6,5% em relação a igual mês do ano passado, a 88.670 megawatts (MW) médios, ante aumento de 5,8% previsto na semana anterior.

O calor intenso em várias partes do país neste mês tem levado a recordes de carga instantânea no sistema elétrico. Nesta semana, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que consome a maior parte da energia produzida no país, alcançou recorde de demanda máxima, a 54.599 MW médios, em meio a temperaturas acima da média para o período nos Estados do Sudeste, disse o ONS.
Em boletim nesta sexta-feira, a autarquia também fez ajustes nas projeções de chuvas que devem chegar às usinas hidrelétricas em fevereiro, com aumentos no Sudeste/Centro-Oeste (85% da média histórica, ante 84% na semana anterior), Sul (86%, ante 81%) e Norte (112%, ante 111%) e redução no Nordeste (87%, ante 90%).
E o nível dos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, principal região para armazenamento das usinas, foi visto em 69,7% ao final de fevereiro, ante 70,5% esperados há uma semana.
Vazão
Diante do consumo crescente, ao longo deste verão, a Justiça Federal do Pará, ainda nesta sexta-feira, determinou que a usina hidrelétrica de Belo Monte opere com vazão conforme determinado em outorga, suspendendo os efeitos de uma decisão do Ibama que havia definido uma vazão reduzida até meados de março para evitar problemas no período de reprodução dos peixes no rio Xingu.
A decisão judicial acata parcialmente um pedido da concessionária da hidrelétrica, a Norte Energia, uma vez que restringe o caso à recente ação do Ibama, sem repercussões gerais na operação da usina, que lida com questões ambientais de forma recorrente.
Segundo a empresa, a mudança de vazão entre janeiro e este mês ocorreu em função de “evento extraordinário e imprevisível”, a queda de linhas de transmissão que escoam a energia da usina. Nesse período, para evitar transbordamento do reservatório, foi necessário aumentar o fluxo de águas para o Trecho de Vazão Reduzida (TVR), também chamado de Volta Grande do Xingu.
Com a retomada das operações do bipolo de transmissão, a concessionária pediu que a operação normal da usina também seja restabelecida.
Problemas
O Ibama havia solicitado que, até 15 de março, a usina mantivesse a vazão reduzida, “sem a retirada da água de forma abrupta”, para evitar problemas como perda de desovas e larvas de peixes devido a rebaixamentos súbitos do nível do rio e até danos materiais, como destruição de tanques de piscicultura e embarcações de ribeirinhos.
Na decisão, a Justiça determinou que a concessionária “mantenha a taxa de variação da vazão atualmente praticada, abstendo-se de reduzi-la ou aumentá-la, salvo nas hipóteses expressamente previstas na outorga e mediante prévia comunicação aos órgãos competentes”.
A determinação do Ibama causou temores ao setor elétrico, dada a relevância da usina no Xingu principalmente para atendimento da ponta de carga, nos horários em que o sistema precisa de mais potência para atender o consumo elevado.