Confirmação veio um dia após o país modelo no combate à pandemia ter iniciado "bolha de viagens" com a Austrália. Primeira-ministra Jacinda Ardern diz que manterá flexibilização.
Por Redação, com DW - de Wellington
Autoridades da Nova Zelândia informaram nesta terça-feira que um funcionário do aeroporto de Auckland testou positivo para covid-19. A confirmação foi divulgada 24 horas depois de o país e a Austrália terem liberado as viagens entre si.
A primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, disse a jornalistas que o vírus foi identificado em um funcionário que entra nas aeronaves para limpá-las depois que elas chegam com passageiros vindos de países considerados "zonas vermelhas" de covid-19. A pessoa infectada já havia sido vacinada contra o vírus.
– Quando abrimos [as viagens entre os dois países], em ambos os lados, sabíamos que continuaríamos a ter casos relacionados à nossa fronteira – afirmou Ardern.
Apesar do caso indicar possíveis falhas na "bolha de viagens", Ardern disse que tanto a Austrália como a Nova Zelândia já esperavam ter que lidar com casos na fronteira e têm sistemas em funcionamento para fazer isso sem retirar a tão esperada liberdade de movimento.
– Aceitamos que haverá casos e que isso será parte de nossa jornada conjunta, para os dois lados – ressaltou a premiê.
O que é a "bolha de viagens"?
Após meses de negociações entre os dois países vizinhos, que praticamente não têm novos casos de covid-19, foi estabelecida uma "bolha de viagens" que permite a australianos e neozelandeses viajarem entre ambos os países sem qualquer restrição.
– É muito animador iniciar as viagens sem quarentena com a Austrália. Sejam familiares voltando, amigos ou pessoas em férias, a Nova Zelândia dá as boas-vindas – disse Ardern.
A Austrália já permitia a entrada de turistas neozelandeses sem a exigência de uma quarentena obrigatória desde outubro, mas apenas nesta segunda a Nova Zelândia eliminou as restrições a passageiros vindos da Austrália.
O aeroporto de Auckland dividiu seu terminal internacional em duas zonas para viabilizar a iniciativa. Os viajantes que precisam ficar em isolamento são mantidos separados daqueles que chegam em voos da Austrália, das Ilhas Cook e de Niue.
Modelo para outros países?
Para Jane Halton, que integra o comitê de aconselhamento sobre a covid-19 da Austrália e foi ministra da Saúde e da Economia do país, ainda é cedo para avaliar se a "bolha de viagens" poderia ser um modelo para outros países.
Em entrevista à agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW), Halton destaca que tanto a Austrália como a Nova Zelândia têm a "enorme vantagem" de serem ilhas, e portanto mais capazes de fechar as suas fronteiras "e então controlar as viagens por meio de quarentenas".
– Creio que uma reação rápida na saúde pública para controlar os vírus onde eles aparecerem primeiro, e, idealmente, eliminá-los, é o que nós deveríamos aprender para o futuro – acrescentou.
Os dois países são considerados exemplos no combate à covid-19. Ambos tomaram medidas rápidas, que incluem o fechamento das fronteiras e um confinamento preventivo obrigatório. Até esta terça, a Austrália havia registrado 910 mortes por covid-19 desde o início da pandemia, e a Nova Zelândia, apenas 26.