O candidato neonazista a governador de Brandemburgo é Hans-Christoph Berndt, que percorre o roteiro de mais um capítulo na história de sucesso da AfD nos Estados da antiga Alemanha comunista.
Por Redação, com agências internacionais – de Potsdam, Alemanha
O histórico Estado de Brandemburgo, na Alemanha, volta às urnas neste domingo em uma disputa regional acirrada capaz de gerar uma complicação para o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) do premiê Olaf Scholz, que aparece em um empate técnico com a legenda da ultradireita neonazista Alternativa para a Alemanha (AfD).
Se perder para a AfD no maior Estado ao largo da Grande Berlim, governado pela sigla de centro-esquerda há mais de 30 anos, o SPD terá permitido a ascensão da extrema direita no leste da Alemanha, ao mesmo tempo em que amplificaria questionamentos internos à liderança do partido governista — a baixa popularidade de Scholz e do governo federal a um ano das eleições gerais já motiva conversas sobre sua eventual substituição como candidato a primeiro-ministro.
Sem apoio
O candidato neonazista a governador de Brandemburgo é Hans-Christoph Berndt, que percorre o roteiro de mais um capítulo na história de sucesso da AfD nos Estados da antiga Alemanha comunista — a ultradireita venceu as eleições do último dia 1º na Turíngia e teve ótimo desempenho no pleito da Saxônia no mesmo dia.
Apesar da esperada vitória, a AfD pode ganhar, mas não deve chegar ao poder em Brandemburgo, pelo mesmo motivo que não será governo na Turíngia: todos os partidos tradicionais da Alemanha se recusam a colaborar com os extremistas para formar um governo.
O triunfo da AfD em Brandemburgo, no entanto, permanece incerto, como mostram as novas pesquisas deste sábado, que mostram um crescimento súbito do SPD nas intenções de voto às vésperas das eleições. O novo fôlego dos governistas aumentou a temperatura da disputa e colocou em xeque a narrativa de que os partidos tradicionais não são capazes de competir politicamente com a AfD.
Esquerda
Agora, os dois partidos estão em empate técnico dentro da margem de erro da maior parte dos levantamentos, e uma coalizão entre SPD e União Democrática-Cristã (CDU), da direita moderada, com possível participação da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), um novo partido alemão de esquerda na economia e de direita nos costumes, parece mais provável.
Uma das razões levantadas por especialistas para explicar o disparo do SPD em um momento em que a sigla perde apoio nacionalmente chama-se Dietmar Woidke, governador de Brandemburgo desde 2013 e cabeça de chapa do partido no Estado. Woidke vem se esforçando para conduzir uma campanha o mais afastada possível da política nacional. Ciente da alta taxa de reprovação do governo Scholz, o dirigente estadual chegou a recusar dividir palanque com o primeiro-ministro — embora o berço político de Scholz seja Brandemburgo.
A estratégia de expor o candidato e esconder o partido parece ter dado frutos: uma pesquisa realizada no último dia 12 apontou que, se a eleição para governador fosse por voto direto, metade dos eleitores em Brandemburgo escolheriam Woidke. O sistema parlamentarista da Alemanha, porém, exige que os votantes selecionem um partido na cédula, não uma pessoa, e são as negociações pós-eleição que decidem quem vai ocupar a cadeira de governador em Potsdam, a capital do Estado.