Rio de Janeiro, 10 de Junho de 2025

Não é pouco o que falta

Por Luciano Siqueira - Apesar da extrema gravidade da crise multifacetada em que o país está envolto e das repetidas sinalizações de absoluta insanidade do presidente da República, e portanto, da possibilidade do seu governo solucionar a crise, diversos fatores que poderiam levar à interrupção desse governo ainda não estão inteiramente postos.

Quinta, 12 de Agosto de 2021 às 07:45, por: CdB

 

Apesar da extrema gravidade da crise multifacetada em que o país está envolto e das repetidas sinalizações de absoluta insanidade do presidente da República, e portanto, da possibilidade do seu governo solucionar a crise, diversos fatores que poderiam levar à interrupção desse governo ainda não estão inteiramente postos.

Por Luciano Siqueira - de Brasília

Celebra-se a derrota da esdrúxula proposta de retorno ao voto impresso com contagem manual como sinal de fraqueza do presidente Jair Bolsonaro e do seu governo.
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A votação do voto impresso representou grande derrota ao Governo Federal
Mais ainda porque “ornamentada “com o inusitado desfile de carros blindados na Esplanada dos Ministérios, supostamente para intimidar deputados e deputadas reunidos na Câmara. Em breve comentário no YouTube https://bit.ly/3yII1TQ acentuei isso. Mas é preciso um pouco mais de atenção na leitura dos resultados da votação na Câmara vis à vis a crise institucional e a hipótese de solucioná-la através do impeachment do presidente. Para aprovação do voto impresso, o governo precisava de 308 votos e obteve apenas 229. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram. Estima-se que cerca de 100 parlamentares mudaram o voto sob apelos “em nome do Senhor” e de benesses governamentais. Esse é um elemento a considerar: pelo menos por enquanto não há ambiente político favorável ao impeachment, precisamente na casa legislativa por onde o processo teria que se iniciar.

Gravidade da crise

Apesar da extrema gravidade da crise multifacetada em que o país está envolto e das repetidas sinalizações de absoluta insanidade do presidente da República, e portanto, da possibilidade do seu governo solucionar a crise, diversos fatores que poderiam levar à interrupção desse governo ainda não estão inteiramente postos. Ou evoluem de modo disperso. Partidos de oposição que detém em suas fileiras possíveis candidaturas presidenciais competitivas ou em fase de construção, por exemplo, parecem preferir enfrentar Bolsonaro nas urnas, tão enfraquecido quanto eleitoralmente inviável. Como todo o processo de impeachment envolve um pacto político que resulta, ao final, em circunstancial maioria parlamentar, não há como esconder que as condições para tanto ainda não amadureceram. É verdade que o país segue envolto em ambiente de profunda instabilidade, em todas as dimensões, e de imprevisibilidade política. Mas, por enquanto, o que se pode dizer é que Bolsonaro está a caminho da derrota, porém provavelmente pela via do voto no sistema eletrônico vigente.  

Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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