Apesar da extrema gravidade da crise multifacetada em que o país está envolto e das repetidas sinalizações de absoluta insanidade do presidente da República, e portanto, da possibilidade do seu governo solucionar a crise, diversos fatores que poderiam levar à interrupção desse governo ainda não estão inteiramente postos.
Por Luciano Siqueira - de Brasília
Celebra-se a derrota da esdrúxula proposta de retorno ao voto impresso com contagem manual como sinal de fraqueza do presidente Jair Bolsonaro e do seu governo.Gravidade da crise
Apesar da extrema gravidade da crise multifacetada em que o país está envolto e das repetidas sinalizações de absoluta insanidade do presidente da República, e portanto, da possibilidade do seu governo solucionar a crise, diversos fatores que poderiam levar à interrupção desse governo ainda não estão inteiramente postos. Ou evoluem de modo disperso. Partidos de oposição que detém em suas fileiras possíveis candidaturas presidenciais competitivas ou em fase de construção, por exemplo, parecem preferir enfrentar Bolsonaro nas urnas, tão enfraquecido quanto eleitoralmente inviável. Como todo o processo de impeachment envolve um pacto político que resulta, ao final, em circunstancial maioria parlamentar, não há como esconder que as condições para tanto ainda não amadureceram. É verdade que o país segue envolto em ambiente de profunda instabilidade, em todas as dimensões, e de imprevisibilidade política. Mas, por enquanto, o que se pode dizer é que Bolsonaro está a caminho da derrota, porém provavelmente pela via do voto no sistema eletrônico vigente.Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
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